Desemprego real é de 14,2%

O número oficial de desempregados em Portugal superou pela primeira vez a barreira dos 600 mil trabalhadores, mas há milhares de pessoas sem emprego que não estão a ser contabilizadas nas estimativas do INE – Instituto Nacional de Estatística. A taxa oficial de 10,9% não incluiu 184 mil pessoas que surgem como inactivos disponíveis e…

as estatísticas do desemprego do terceiro trimestre foram anunciadas pelo ine esta semana. a taxa entre julho e setembro subiu para 10,9%, contra os 10,6% observados no trimestre anterior. é o valor mais alto de sempre, segundo os registos do ine, e corresponde a uma subida de 1,1 pontos percentuais face ao período homólogo. o número total de desempregados atingiu 609,4 mil, uma subida de 11,3% face ao trimestre homólogo. e cerca de um terço (182 mil) estava há mais de 25 meses à procura de emprego.

mas os conceitos usados nas estatísticas oficiais escondem realidades muito próximas do desemprego. os próprios economistas do banco de portugal, num estudo publicado este ano, alertaram para a insuficiência do conceito convencional de desemprego, considerando que a taxa oficial «não é suficiente para captar todas as fronteiras relevantes de uma medida de não-emprego».

o ine classifica como inactivos disponíveis todas as pessoas sem trabalho que não fazem diligências para encontrar emprego, como enviar currículos, e há 79,7 mil desempregados registados como tal. na categoria de inactivos desencorajados, op ine coloca quem está sem emprego e não o procura, porque «considerou não ter idade apropriada ou instrução suficiente, achou que não valia a pena procurar que não havia empregos disponíveis». estão nesta categoria 31,9 mil pessoas. já o conceito de subemprego visível, inclui quem está numa actividade com duração inferior à duração normal do posto de trabalho e pretende trabalhar mais horas, sem encontrar empregos disponíveis. há 72,4 mil pessoas nestas condições.

governo mantém previsões

o desemprego atingido no terceiro trimestre está acima da previsões do governo quer para 2010 (10,6%) quer para 2011 (10,8%). mas a ministra do trabalho, helena andré, recusou rever em alta as projecções, lembrando que tem havido um comportamento «atípico» do número de desempregados. «vamos ver o comportamento até fim do ano. os dados do instituto do emprego e formação profissional mostram que houve uma queda das entradas no desemprego em outubro».

joao.madeira@sol.pt