o jogo tinha acabado há minutos e das janelas dos prédios do centro da cidade já se ouviam gritos de barcelona. pouco tempo depois, muitos circulavam orgulhosamente nas motorizadas made in china com as camisolas de leonel messi. algumas com o número 30 – que suponho terem alguns anos –, referentes aos primeiros anos do craque argentino na cidade de gaudi. o futebol tem destas coisas, pois é um verdadeiro símbolo da globalização. e, ao contrário do que dizem erradamente os comentadores desportivos, ninguém quer correr atrás do prejuízo. todos querem é correr atrás dos vencedores.
não é por acaso que nas ruas de luanda já se encontram mais camisolas do campeão espanhol do que do benfica. os catalães representam as vitórias do presente e os encarnados reencarnam as glórias do passado, falando por isso para um público mais antigo. tanto assim é que já se fala na capital angolana que o barcelona quer abrir uma escolinha de futebol aqui nestas paragens. os espanhóis não gostam de brincar com assuntos sérios e não perdem uma oportunidade para se afirmarem.
mas voltando ao jogo a que meio mundo teve a hipótese de assistir em directo, estivesse em qualquer canto do planeta, ressalta um dado curioso. em anos anteriores, josé mourinho utilizou uma táctica superdefensiva quando representava o chelsea de londres e o inter de milão, tendo alcançado resultados bem mais simpáticos para as suas cores. ainda em 2009 foi a barcelona eliminar a equipa de messi com uma estratégia em que todos os jogadores da sua equipa se colocavam atrás da linha da bola sempre que esta estava na posse dos jogadores da casa. os comentadores, regra geral, não lhe perdoaram a táctica, mas mourinho seguiu o seu caminho até à conquista da mais importante prova de clubes na europa. este ano, ao serviço do real madrid, foi copiosamente esmagado por ter tido a ousadia de jogar o jogo pelo jogo.
na vida o que interessa são os resultados, não as intenções. há políticos que têm ideias muito nobres, mas que, infelizmente, não conseguem pô-las em prática. na era da globalização, há pouco espaço para a derrota. só os vencedores sobrevivem. um pouco por todo o mundo o barcelona ganhou mais adeptos, o que significa mais camisolas vendidas, mais dinheiro em caixa. é claro que o clube catalão tem a vantagem de conciliar a eficácia com a beleza. é impossível a um adepto de futebol não gostar do modelo de jogo do barça. parece uma orquestra a tocar um instrumento chamado bola. assim surjam políticos que saibam usar a táctica certa para ultrapassar a crise e restabelecer a confiança do povo nos seus méritos.