MEP faz vendas para pagar dívidas

O Movimento Esperança Portugal faz merchandising para pagar as dívidas das eleições de 2009.

blocos de notas a cinco e dez euros, seminários a 75 euros. a oferta tem uma origem no mínimo inesperada. vem de um partido político: foi a forma encontrada pelo movimento esperança portugal (mep) para fazer face às dívidas do ciclo eleitoral de 2009.

o mep saiu das europeias e legislativas do ano passado com uma dívida de 180 mil euros. no orçamento apresentado para a campanha das eleições para a assembleia da república, o movimento contou com uma subvenção pública – que, face aos resultados eleitorais, não chegou a receber. os encargos ficaram, assim, exclusivamente a cargo do partido.

rui marques, líder do mep, afirmou a sol que a dívida tem vindo a ser paga através de diferentes contributos. a começar por um ‘plano 1000’: vários militantes comprometeram-se a entregar ao movimento, ao longo deste ano, um montante de 1000 euros. a venda de notebooks e a organização de conferências, cuja receita reverte a favor do partido, é outra forma de financiamento da dívida que, um ano depois, está agora nos 120 mil euros. «vamos pagar até ao último euro», garante rui marques. que diz não lamentar a situação deficitária criada no ano passado: «gastámos aquilo que a direcção e os órgãos próprios entenderam como razoável. fizemos um esforço de afirmação que implicava gastos que assumimos conscientemente».

esta não é a primeira vez que o mep recorre à venda de produtos como forma de financiamento, uma prática pouco usual entre os partidos. «os cartazes das europeias deram origem a uma linha de sacos e bolsas, numa lógica de reutilização, mas também na perspectiva de reunir os fundos necessários» ao financiamento do mep, refere rui marques.

sem qualquer apoio do estado, os partidos que não obtêm representação parlamentar têm no financiamento um dos principais desafios à sobrevivência.

mas as dificuldades financeiras não afectam só as organizações partidárias. caso conhecido é o de freitas do amaral, que andou vários anos a pagar, do próprio bolso, o saldo negativo da campanha para as presidenciais de 1986.

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