Esses alunos precisavam de encontrar um número considerável de ‘clientes’ para ter a sua passagem paga e, se possível, ainda amealhar alguns cobres extra para gastar nas noitadas. Havia, como é evidente, alguns que tinham mais jeito do que outros.
Mas, às tantas, quando eram mais os angariadores do que os potenciais clientes, a ‘farra’ ficava sem efeito. Hoje penso que se passa o mesmo, embora o destino eleito seja Lloret del Mar, também em Espanha.
Esta receita, muitos anos depois da minha juventude irrequieta, foi copiada para as discotecas e bares nacionais. Tudo corria sobre rodas e muitos dos RP ou promotores contratados ganhavam – poucos ainda se safam bem – quantias muito aceitáveis. Desde os mais novos até aos mais crescidos, criou-se uma teia de angariadores que fugiam de discoteca em discoteca, assim que alguém lhes acenava com melhores condições. Discotecas que tinham imensos clientes passaram a ficar vazias, já que os seus chamarizes mudaram de poiso.
O mais curioso é que os antigos reis das festas, os proprietários, perderam protagonismo e os cabeças de cartaz passaram a ser os tais promotores. Sendo este um negócio sem qualquer risco para os novos ‘empregados’, outros houve que se sentiram seduzidos pela profissão e entraram em campo. Nas universidades já há mais líderes da noite do que discotecas existentes.
Os pais que até há pouco eram contra as saídas dos meninos à noite passaram a ser uns aliados dos mesmos. Afinal, não têm jeito para a bola ou para a moda, mas safam-se bem no negócio de diversão nocturna.
O problema é que esta é uma profissão de desgaste muito rápido, já que à medida que vão crescendo vão ficando velhos para ‘falarem’ aos mais novos. Tudo somado, chegou-se em Lisboa e no Algarve ao ponto que o Porto atingiu há uns bons anos com a morte da sua movida de RP. Na Invicta hoje respira-se outra onda com a energia dos bares da Baixa.