no ano passado, uma das mais antigas hospedeiras da tap decidiu entregar os papéis da reforma. mas a perspectiva de maria amália damásio, 70 anos, não era ‘calçar as pantufas’. tornou-se vendedora de bimby, as máquinas que a vorwerk comercializa para ajudar nas tarefas culinárias. «foi uma boa solução para não ficar inactiva em casa, depois de uma vida tão movimentada. e o rendimento acaba por ser um complemento à reforma», diz.
a antiga assistente de bordo é agora um dos 100 mil portugueses que decidiu tentar a sorte no negócio das vendas directas, em que não se utilizam estabelecimentos comerciais. as transacções são, normalmente, feitas por empresários independentes, através do contacto pessoal com o cliente, na sua casa ou local de trabalho. maria amália damásio tem uma reunião semanal nas instalações da vorwerk, faz duas a três demonstrações da bimby por semana e, ocasionalmente, dá apoio aos clientes a quem vendeu a máquina. começou pela rede de contactos pessoais e, recentemente, alargou a esfera a restaurantes.
comissões apelativas
desde que trabalha para a vorwerk, já vendeu mais de 30 máquinas. «e nunca tive jeito para negócios», brinca, ressalvando que não está sequer no topo de vendas da empresa: há quem consiga atingir 10 máquinas por mês, o que pode dá um rendimento superior a 1.600 euros.
os rendimentos adicionais nas vendas directas são um forte chamariz em contexto de crise, já que as comissões podem atingir até 50%do valor dos produtos. «com a actual conjuntura económica, há mais portugueses em busca de alternativas ou complementos aos seus rendimentos e a venda directa surge como uma excelente oportunidade», explica bráulio alturas, docente do iscte com investigação na área de vendas directas.
a vantagem desta actividade, segundo o professor académico, é a possibilidade de vender os produtos em paralelo com a actividade habitual, nos dias e horários que a pessoa escolher. «normalmente, os investimentos são muito reduzidos face a qualquer outra alternativa de negócio», acrescenta.
em portugal, existem cerca de 40 empresas de venda directa, que geram um volume de negócios próximo de 100 milhões de euros. entre elas estão marcas como avon, círculo de leitores, tupperware, herbalife, vorwerk, amway, mary kay e oriflame, e na generalidade dos casos o número de agentes tem vindo a aumentar. a world federation of direct selling associations apontava, em 2008, para a existência de 54 mil vendedores directos em portugal. contudo, só as cinco empresas que responderam às questões do sol já têm, dois anos depois, quase o dobro.