Blogue

O preenchido dia-a-dia de Marcelo Rebelo de Sousa.

quinta 16

conselho europeu, frio, wikileaks e debates

conselho europeu. aprovado mecanismo permanente anticrise. aquém do necessário. melhor do que nada. um passo útil, mesmo se limitado.

pacote português acalmou ue. resta ver o que significa concretizar as medidas genéricas e vagas acabadas de anunciar. sócrates ganhou, pois, umas semanas ou uns – poucos – meses. com o improviso tantas vezes português: no último minuto e com propostas por precisar…

frio. dia bonito, mas gelado. faculdade com zonas verdadeiramente inóspitas.

wikileaks. em debate. promovido por pedro lomba. com apoio da sociedade de debates académicos de lisboa. nascida de iniciativa de estudantes. participantes, além do promotor e moderador, luís menezes leitão, eduardo cintra torres e manuel lopes rocha. muito interessante e participado. internet, política, jornalismo, liberdade de informação, regime penal dos eua, casos relacionados com portugal. um sem-número de temas palpitantes em revista.

facebook. convocatória do debate feita via facebook. com garantia de presença de internautas em quórum mais do que suficiente. à mesma hora, defensor moura reunia, no andar de cima, uma dezena de interessados. cerca de um décimo dos debatentes do wikileaks.

festa de natal de o lar da criança. na antiga fil. seiscentos pais e avós. mais umas trezentas crianças. ou mais. um espectáculo. a culminar no quebra-nozes. madalena – como varredora –, teresa – como flor – e francisco – como soldadinho de chumbo – estiveram muito bem. falo, é claro, dos netos. mas sem facciosismo. daí reconhecer que madalena esteve tímida demais, teresa demonstrou mais jeito para futebol do que para dança, e francisco começou muito hirto, e só se soltou ao combater uma praga de ratinhos, com a sua espada. um fim de tarde divertido e já saudoso…

debate presidencial visto no vila galé ópera, perto da antiga fil. atendendo ao adiantado da hora. muito monótono. até porque não houve debate algum. apenas concordância entre dois monólogos. ambos razoavelmente bem. mas não estimulantes. alegre melhor do que defensor moura. mas com estilo pouco motivante. a audiência deve confirmá-lo…

marques mendes francamente bem. na tvi24. sobre os contratos de associação, o pacote das 50 medidas, nos melhores e piores da semana. já o não via há semanas. pareceu-me muito oportuno e incisivo.

quadratura do círculo. presidenciais em questão. pacheco pereira, cuidadoso, mas certeiro. lobo xavier, mais agressivo. antónio costa, à defesa, com inteligência, embora sem muito espaço de manobra.

sexta 17

ps, psd, obras públicas e 3.º debate

obras públicas. enquanto se espera pela concretização do pacote, cujo anúncio chegou para adiar umas semaninhas o problema financeiro na ue, é ridículo o que se passa com o grupo de trabalho prometido por ps e psd para reavaliar as obras públicas em 2011. até agora, vetos recíprocos quanto ao nome dos membros têm impedido o arranque do grupo. é brincar com coisas sérias…

código de processo civil. telespectador ‘mailou-me’ a informar que, com a demissão do secretário de estado joão correia, a comissão constituída para rever o código civil teria deparado com o corte de meios para trabalhar, a começar na sala onde reunia. e reuniria, agora, no gabinete profissional de um dos membros. será verdade?

3.º debate presidencial. fernando nobre, respeitoso e progressivamente acanhado e sem nada de novo para dizer. cavaco silva, de início tenso, e depois muito à vontade, argumentador e persuasivo. e, para muitos, surpreendentemente, adoptando uma posição anti-revisão da lei laboral. um debate sem espinhas para o presidente. nobre esteve pior do que contra lopes.

doutoramento. sou informado, em pleno mês de dezembro – isto é, quando o primeiro semestre deveria estar a terminar – do início de aulas de curso de doutoramento interdisciplinar, organizado pela universidade de lisboa. teremos, pois, um semestre original, a acabar já no segundo semestre e com aulas intensivas. conclusão: lá terei que dar aulas para a semana, praticamente todos os dias.

teses de mestrado. para provas em luanda, no começo de fevereiro. já as recebi. para leitura, depois da arguição de outra, em lisboa, mas de doutoramento, em 12 de janeiro. como não hei-de engordar de tanto trabalho sedentário e stressante…

clubes. fc porto, com adversário mais complexo, o sevilha, na liga europa. já sp. braga (poznan), benfica (estugarda) e sporting (rangers), mais bafejados pela sorte.

melhoras. desejos para pôncio monteiro. ainda há dez dias parecia bem na gala da tvi. muitas vezes, dele discordei, no futebol, como no resto. mas torço por ele, neste como em anteriores momentos dramáticos para a sua saúde e mesmo vida. e não compreendo alguns comentários inacreditáveis escritos na net. a internet está a bater a televisão no desvendar do carácter das pessoas. na tv, são os olhos que dizem tudo. na net, são desde logo, as palavras que desvendam, além do melhor, o pior de cada qual. que se considera à vontade para depor sem limites, sobretudo quando sente estar protegido pelo manto do anonimato…

sábado 18

sócrates, sondagem e passos

sócrates defende pacote anunciado mas não concretizado. e ataca aproveitamento político da pobreza. mas, no mesmo discurso, afirma que em nenhum dos anos do seu governo aumentou a pobreza ou a desigualdade social. é irresistível… todos os políticos acabam por aproveitar pobreza, desigualdade ou desemprego, para se vangloriarem ou para atacarem adversários…

sondagem dá psd com mais de 41%. ps com 30%. be com quase 11%, pcp com quase 9% e cds com menos de 8%. maioria de centro-direita. má notícia para sócrates. e prémio à contenção de passos coelho.

passos. curiosamente, intervenção sobre a pobreza. logo a seguir à crítica de sócrates. mais um exibicionismo, como afirma o primeiro-ministro? ou tiro certeiro em tema incómodo para este?

jsd. reunião-debate na secção b, em lisboa. sobre francisco sá carneiro. quase quatro horas intensas e muito interessantes… cobrindo toda a história do partido e o presente.

coreias. tensão prossegue. nada promissora para a situação política e financeira mundial.

quarto debate. pacífico e civilizado entre manuel alegre e francisco lopes. com divergências quanto ao oe e à ue. digno e com elevação. mas sensação de que, em geral, é patente o desinteresse dos portugueses pelos debates. porventura, porque os eleitores já decidiram o seu voto. e as audiências dos segundo e terceiro debates são muito insignificantes em termos de eleições presidenciais – 20% ou menos de share e 800 mil telespectadores ou menos, 700 mil, quando se esperaria qu atingissem mais de 30% de share e mais de um milhão e 200 mil telespectadores.

domingo 19 e segunda 20

alegre, sampaio, tvi e filhos

mergulho. água do mar óptima, hoje. cá fora, também. mas praia deserta. ou quase. e chuva a ameaçar. saudades da primavera, ainda muito longínqua…

alegre. manifesto lançado. um pouco tarde. mas bem pensado e escrito. e jorge sampaio a apoiá-lo. num gesto muito bonito. que só lhe fica bem. até porque percursos e posições pretéritas nem sempre foram convergentes.

sampaio. não pára um minuto… dir-se-ia que a pedalada dos tempos presidenciais continua presente. há pessoas assim, incapazes de pararem e, menos ainda, de se reformarem, no sentido de uma vida mais de estudo ou de escrita. sampaio é dessas pessoas – correndo o mundo e o país sem cessar, no exercício das suas funções internacionais. às vezes, encontro-o e, com aquela amizade que vem dos pais e se adensou nos encontros do hotel flórida há 36 anos, pergunto-lhe se não se cansa. sorri e explica-me que não, que está feliz e realizado. miraculoso coração aquele! e que inveja tenho de tanto jetlag digerido como a coisa mais natural do mundo…

tvi. evocação duplamente saudosa: programa de carlos pinto coelho com meu pai. gentileza de josé alberto carvalho.

tiny. ao findar da noite, jantar-ceia no tiny. júlio magalhães, manuel queirós e tiago rebelo. e apoiantes adicionais. bifes monumentais. conta em conta. mais carlos alberto moniz, vindo do manifesto de alegre (com condecoração a preceito) e muitas mais surpresas. apesar dos fracassos das crises e das reformas estruturais não feitas, a democracia política, essa, vingou. e acabámos todos em divertida confraternização. cavaquistas e alegristas. portugal, mesmo pequeno, é suficientemente grande para todos nós. e muitos mais.

sofia. madrugada de conversa com a filha sofia, moira de trabalho. dentro de poucos dias, ficará a ser a mais próxima familiar a partilhar as peripécias do meu dia-a-dia. e terá de fazer de sucedâneo de filho, nora e netos. ocasião para pensar se, ao concentrar muito do essencial dos meus enlevos familiares nos netos, não esqueci, mais do que devia, de quando em vez, esta filha, discreta mas óptima de carácter, perspicaz, criativa e ilimitadamente generosa…

aulas. para apimentar dias pouco ocupados. matéria – direito administrativo. para doutorandos. apenas uma jurista. outro bom desafio…

cemmm. quer dizer centro de estudos manuel machado de macedo. jantar de direcção, hoje, com convidado especial – o professor jorge soares. ensejo para sublinhar o apoio da fundação gulbenkian, pela sua mão, às iniciativas do centro, premiando os jovens que têm brilho nas faculdades em que serviu o nosso patrono.

terça 21

quase natal e subida de preços

quase natal. faltam três dias para a véspera. este ano, comprei só cinco presentes. os dos netos e o do familiar – sorteado no dia 1. em contrapartida, organizo o jantar de 24 em minha casa. o que impõe receber 20 familiares e tentar deixar a melhor recordação possível para os que vão partir. um desafio de imaginação e comedimento de meios.

passos. intervenção cerebral, ponderada e antidemagógica, aos deputados do psd. bem.

tgv. mail de comissário confirma adiamento sem perda de fundos. desmentido de ministro vale zero.

cavaco-lopes. lopes picou com oe e bpn. cavaco enervou-se um pouco, mas resistiu com galhardia.

um mês e um dia. para o fim da campanha presidencial. e a sensação de que, se pudessem, as pessoas votariam já amanhã, encurtando o que falta para o dia. como quem diz que já escolheu e pretende ultrapassar este compasso de espera em que tudo o que havia para ver está visto. o que se entende. alegre está candidato desde fevereiro, nobre anda por aí desde o fim da primavera. os restantes levam dois meses ou mais de pré-campanha formal e cavaco encontra-se na ribalta presidencial há cinco anos. que mais nos falta saber acerca deles? de essencial, nada.

preços vão subir em janeiro. por causa do iva e à margem dele. é fazer contas e o susto fica imparável, sobretudo para os que menos têm, como é óbvio. e mais não digo, para que se não comente que este comentário representa um aproveitamento, em tempo pré-eleitoral, das desigualdades sociais. nova forma de ‘censura’ intelectual que sucede às ‘forças de bloqueio’ de outros tempos. a verdade é que transportes, electricidade, alimentação e por aí adiante vão reflectir efeitos da terapêutica inevitável perante o quase impasse financeiro. e muito português ainda não interiorizou como 2011 vai ser muito mais difícil do que 2010…