Uma vida de noite

Muitos dos que agora frequentam a noite têm menos anos de vida que o grupo k.

se fosse feito um estudo sobre a média etária dos frequentadores Da noite portuguesa, chegar-se-ia quase de certeza à conclusão de que está abaixo dos 22 anos que o grupo K festejou na passada sexta-feira. Desde 1988 que os irmãos Rocha fazem da diversão nocturna o seu modo de vida. Além deles, em Lisboa, só existe Manuel Reis e o seu legado Frágil/Lux. Outros dedicam-se à mesma causa, mas ou começaram como empregados e fizeram-se donos, ou já executaram diversas funções.

Gonçalo Rocha e o dono do Lux são os únicos que sempre marcaram presença nos seus espaços e que procuram imprimir-lhes o ritmo que entendem como certo. O grupo K, que começou com o Kremlin – que então chegou a fazer parte dos roteiros dos melhores clubes de dança da Europa –, alargou os seus horizontes para outras faixas ditas mais comerciais.

Criaram a Kapital, que haveria de estar na linha da frente do seu segmento durante muitos anos e onde se fizeram e desfizeram muitos casamentos.

Depois, além dos restaurantes, entre os quais se destaca o Kais, uma antiga oficina de eléctricos, apostaram forte no Algarve, antes de explorarem o lisboeta rio Tejo. Pelo meio ainda fizeram dois cruzeiros a Ibiza que ficaram na memória. O Kubo surpreendeu e tornou-se um dos cartões de visita da capital. Quando encerrou portas, a cidade ficou mais pobre.

Pouco tempo depois, reapareceram com o Urban Beach, um espaço amplo sobre o rio que ocupou, e bem, o desaparecido Kubo. Fala-se que este poderá reabrir em breve e que os dois poderão conviver alegremente. Não sei se será assim, mas o que notei na festa de comemoração foi que por lá passaram muitas caras que encheram as casas do grupo K nos últimos 22 anos e que se juntaram, tranquilamente, com figuras que ainda não devem ter completado tantos anos de vida.

Em 1988 não era, por um lado, tão fácil apostar no negócio da noite, já que o mesmo era visto como algo marginal.

Por outro, era mais fácil, já que havia menos concorrência e o público concentrava-se quase todo nos mesmos sítios. Mas lá diz o ditado que quem corre por gosto não cansa. Parabéns.

vitor.rainho@sol.pt