depois de um 2010 complicado, 2011 promete ser ainda mais difícil para famílias, empresas e estado. o crescimento económico antecipa-se modesto, ou até negativo, e o estado terá de apertar mais o cinto para mostrar que é capaz de baixar a despesa. a capacidade de executar os planos de austeridade será determinante para que a banca obtenha crédito e para que o estado arranje quem lhe empreste quase 50 mil milhões de euros.
as empresas vão enfrentar subidas no preço das matérias-primas e impostos, num contexto de menor procura por parte das famílias e de uma quebra do endividamento dos particulares.
o governo prevê um abrandamento na economia, com o pib a crescer apenas 0,2%, mas a maioria dos analistas e instituições internacionais antecipa uma recessão ‘causada’ pelas medidas de austeridade.
o desemprego vai manter-se alto e o corte nas ajudas sociais vai baixar o rendimento das famílias. e vêm aí subidas de impostos e de preços. a projecção do governo para a inflação é de 2,2%, mas vários produtos e bens vão subir mais. é o caso da electricidade (+3,8%), do gás (3,2%) e dos transportes públicos (superior a 3,5%). como todos pesam significativamente nas despesas familiares, o orçamento mensal vai ‘encurtar’.
os salários na função pública também vão descer entre 3,5% e 10%, a partir dos 1.500 euros, e no sector privado esperam-se ajustamentos salariais em baixa nas novas contratações ou nos trabalhadores a termo. conjugados, estes factores vão resultar numa redução do poder de compra, com as famílias a chegarem ao fim do mês com menos euros na carteira. para isso contribuirá também o aumento das taxas de juro na zona euro, provavelmente na segunda metade do ano se, como se espera, o bce – banco central europeu iniciar o ciclo de subida do preço do dinheiro.
a crise da dívida soberana continuará na agenda e a dúvida sobre a vinda do fundo monetário internacional e da união europeia pode não se prolongar muito para lá dos primeiros meses do ano. então, será preciso financiar elevados montantes de dívida pública e arranjar quem empreste dinheiro à banca em grande quantidade. o sistema financeiro continuará sob pressão, à procura de credores.