Um mistério de Sintra para desvendar

Tal como a casa feita de doces do conto dos irmãos Grimm, Hansel & Gretel, chega-se pelo cheiro ao ateliê de Leonilde Moreira. Chama-se Paixão do Chocolate, mas a chef pasteleira tem outras guloseimas para nos encantar…

nem tudo o que parece é. o dito popular materializa-se quando descobrimos que a pequena localidade de cabriz, em sintra, tem tudo para ser destino obrigatório para gulosos. é que ali, em plena várzea de sintra, há uma casinha insuspeita – infelizmente não é de chocolate -, que no interior guarda uma espécie de segredo… o ateliê de doçaria paixão do chocolate.

pelo nome parece que tudo gira em redor do ‘ouro dos incas’, mas não. felizmente dali também saem lagartinhos de limão, bolachinhas espelho, telhas de amêndoa e laranja, e ainda iguarias de pastelaria fina dignas das melhores casas parisienses como macarons, trufas de maracujá e framboesa ou orangettes. o mistério é que já existe há vários anos, mas tem passado despercebida aos gulosos.

a fada desta história é leonilde moreira, uma chef de pastelaria com um sorriso encantador, que já leva 22 anos de carreira. metade foram passados ali, na várzea de sintra, quando decidiu transformar o antigo talho do avô no seu espaço de criação. deixou o curso de agronomia e mudou-se para o de hotelaria, seguindo o seu instinto. na realidade, estava a cumprir uma espécie de desígnio na família, pois a mãe já fazia bolos em casa e, recentemente, descobriu que a «bisavó tinha sido cozinheira nas casas senhoriais de sintra».

nini, como é conhecida, levou o seu talento mais longe e depois da escola de hotelaria de lisboa partiu para paris, onde estagiou em casas de referência, como a lenôtre, a fauchon ou o traiteur saint-clair. de volta a portugal, passou pelo alcântara café, abriu a gartejo com vítor sobral, até começar uma nova etapa no ritz. neste último, foi surpreendida pelos acontecimentos: «cheguei lá antes do natal e o chefe [helmut] ziebell pôs-me sozinha a fazer uma mesa de doces e outros pasteleiros a fazerem outra. em janeiro já estava a chefiar a pastelaria do hotel», recorda orgulhosa.

ainda foi dirigir a pastelaria dos hotéis cliff bay e reid’s, na madeira, antes de avançar para um negócio próprio. montou o ateliê em cabriz e uma pequena loja no magoito, mas a maternidade obrigou-a a abrandar o ritmo e passou a trabalhar apenas por encomenda. talvez seja por isso que, mesmo com mais de uma década de existência, os seus doces continuavam no segredo de poucos felizardos. agora, nini abriu as portas do seu ateliê, onde tem um pequeno ponto de venda, a cheirar a doce. às suas obras de chocolate, juntam-se sortidos de bolos tradicionais, pastelaria fina, compotas…

mas é só uma questão de tempo, pois assim que aparecer o espaço ideal, em sintra, a chefe pretende abrir a sua tão desejada loja.

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