quarta 22
amizade, ipss e nobre-alegre
amizade. ontem. mais um ano e mais um jantar de natal em casa de isabel e paulo marques. o 25.º. só faltei a um por gripe. e este foi dos mais calorosos. ocasião para reencontrar amigos de sempre. e, sobretudo, para estar com os anfitriões, inexcedíveis a todos os títulos. ela, uma jurista perspicaz que chegou a ser minha colega de bancada pela ad na assembleia municipal de lisboa. ele, um advogado de nomeada, dado às relações internacionais, secretário de estado dos negócios estrangeiros em governo em que também estive – vai para 30 anos –, e autor de muito justamente acolhida biografia do marquês de soveral. os dois, grandes e fiéis amigos.
ipss. protocolo para o estado apoiar ipss e misericórdias no difícil ano que está para começar. importante, até para minorar os cortes no iva social. será suficiente?
salário mínimo. solução sensata. não a ideal, mas a possível. de pequenos passos. num tempo muito pesado de crise financeira profunda.
nobre-alegre. nobre muito melhor do que no debate com cavaco. mais preparado. e ao ataque aberto a alegre. este, demasiado à defesa. sério, ponderado, mas sem o encanto da primeira candidatura. e até com um ar de quase conformismo perante as sondagens a um mês das eleições. a sensação de um quase empate. lisonjeiro para nobre. a menos boa intervenção de alegre. a seu favor, contudo, a confirmação de que fernando nobre está onde está para cumprir uma missão: atacar alegre. mesmo que – há que fazer-lhe essa justiça –pense que não, pense que desempenha uma missão mais ambiciosa e promissora: personificar a candidatura da ruptura do sistema…
audiências continuam baixas. a mostrar que os debates são prematuros e não estão a interessar os portugueses.
doutoramento. em pleno período de férias. em ciência política. no instituto de estudos políticos da universidade católica portuguesa. tema da dissertação: papel da comunidade de santo egídio nas negociações de paz entre frelimo e renamo. nova doutora: janete cravino. fui co-orientador, com joão gomes porto. arguições muito interessantes de armando marques guedes e de francisco proença garcia e aprovação magna cum laude. uma tarde cheia. antes do jantar de natal da isabel e paulo marques.
aulas prosseguem em doutoramento. férias são ficção…
pôncio monteiro. foi hoje a enterrar rodeado de amigos. não o conheci bem. mas deixa-me triste a sua partida.
quinta 23
fitch e o papel de defensor
cavaco-defensor. assim como nobre cumpre, objectivamente, a missão de tentar demolir alegre, defensor moura cumpre a de tentar diminuir e desgastar cavaco. assim foi hoje, aliás, confessado pelo próprio ao reduzir a essencial razão da sua candidatura à oposição ao primeiro mandato de cavaco. o debate traduziu-se, portanto, no somatório de um monólogo de defensor com ataques casuísticos e sucessivos e um monólogo de cavaco, tentando falar dos desafios do mandato seguinte. com duas excepções: as scut e o bpn. e, em ambas, cavaco respondeu e esclareceu bem o seu papel político e pessoal. no final, também esteve bem ao falar para os jovens e as mulheres e lembrar a época de natal. em suma, defensor cumpriu o seu papel de ataque em todos os azimutes a cavaco, sem muita sofisticação mas com persistência – e, nessa medida, teve neste debate a essência da sua candidatura. e cavaco passou por cima desse ataque cerrado, irritado aqui e ali, mas passou e marcou pontos nas scut, no bpn, na regionalização, no desemprego e até no tema nada caro ao universo católico do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
fitch. antecipando-se à moody’s, cortou no rating do estado português. e a dívida pública nacional viu os juros subirem para os 6,8%. teixeira dos santos respondeu, em nota, dizendo que não entendia. mas, por muito inesperada que seja a decisão da fitch, ela quer dizer, sem margem para dúvidas, que não acredita na capacidade do governo para cumprir o défice previsto para 2011 e, infelizmente, torna um pouco mais próximo o fmi…
estoril open. prémio do atp tour para o melhor torneio de ténis europeu em marketing e promotion. justíssimo. consagração de carreira de joão lagos.
miguel arrobas. campeão de ultramaratonas de natação. melhor tempo de 2008 na mancha. recorde no estreito de gibraltar em 2009. vai tentar conquistar as oceans sevens, ou seja, as mais difíceis e míticas travessias do mundo. além da mancha e de gibraltar, esperam-no o canal de catalina nos eua, o canal de molokai no hawai, o canal de tsugaru no japão, o canal da irlanda entre a irlanda do norte e a escócia e o estreito de cook na nova zelândia. pasme-se, tem 36 anos e quatro filhos. pasme-se ainda mais, é advogado. como faz tudo o que tem a fazer, não sei. mas que faz bem, faz.
sexta 24
natal, prolegómenos, tradições e inovações
prolegómenos. ou seja, passos prévios. este ano, presentes só para os netos – um para cada – e para um familiar adulto sorteado no jantar familiar do passado dia 1 – a sobrinha por afinidade rita, casada com miguel, o primogénito do irmão antónio. mesmo o que pensara para filhos, irmãos e cunhadas vai ser canalizado para os aniversários de 2011. assim, o dia 24 ficou para arrumar a casa e preparar o que faltava para o jantar de natal. e enganar uma gripe em crescendo…
rão kyao. reencontro inesperado, em véspera de natal. em ambiente religioso. um colega e amigo dos tempos de faculdade de direito. em meados dos anos 60.
tradições no natal. dando continuidade a uma tradição familiar, chegaram bem cedo todos ao jantar em minha casa. bacalhau em primeiro plano para os graúdos. e, progressivamente, para as crianças. no fim do jantar, como de costume, todos falaram e fizeram balanço de um ano de vida. em poucas palavras. começando no mais novo. este ano, iniciando-se pela madalena. só depois se trocaram presentes. a noite atingiu o instante culminante na missa do galo. desta feita, na igreja paroquial de cascais. chuva e frio. mas, igreja à cunha e missa muito participada. com o beijar do menino jesus no final. resultado: a caminho das 2 da manhã, era já tarde demais para ir à habitual consoada em casa de meus compadres, pais da minha nora. outra tradição com 10 anos, principiada no ano do casamento da rita e do nuno.
novidades boas. como o papel alargado da terceira geração. agora já nove. e mais dois a chegarem. com nossos pais vivos nunca essa terceira geração – formada pelos nossos filhos – ultrapassou os sete, aliás separados entre portugal e o brasil até à viragem para os anos 90. outra novidade: a redução da importância dos presentes, em particular dos adultos. também boa, por concentrar no essencial o convívio familiar.
o presente. o especial deste natal. recebido do irmão antónio. conseguiu autorização de isabel manta, filha de abel manta, para fazer duas e só duas reproduções de quadro de seu pai sobre a rua de s. bernardo, tendo em primeiro plano o prédio em que vivemos toda a vida – meus pais e eu na cave, depois pais e três filhos no primeiro andar e no segundo, hoje sobrinha no primeiro.
tudo desde 1949. o quadro é anterior – de 1928 – ao ano em que para lá fomos, 1949. e foi o bom amigo e vizinho no prédio, eduardo néry, que o descobriu, por acaso, em exposição na fundação medeiros e almeida. contei a antónio, ele tirou-se dos seus cuidados e acabou por oferecer a cada irmão uma reprodução.
sábado 25
mais fitch, salmo e sócrates
mais fitch. ontem, ao chegar do natal. desgraduação da caixa geral de depósitos. …
anos em dia de natal. não é vulgar, mas ocorre. é o que se passa com armando marques guedes, professor jubilado da minha faculdade e antigo presidente do tribunal constitucional. faz 91 anos.
pica. uma visita de natal – a pica, em rápida convalescença. barbeiro de meu pai, filho e neto. e meu, com intermitências – por experimentalismo de minha lavra – desde os anos 80. mais continuamente nos últimos sete anos. um sportinguista ferrenho mas realista, isto é, preparado sempre para os desaires futebolísticos…
clima hospitalar. há pouco mais de uma semana, fora visitar pica no hospital de cascais, o novo. no mesmo quarto, um simpático vizinho com o qual meto conversa. e conto-lhe quão bom barbeiro é o seu camarada de hospital. fica banzado com o ser barbeiro. é que ele também é. há quase 30 anos. menos embora do que o nosso pica. chama-se isidoro. e descobre-se, assim, por acaso, que dois mestres na arte de bem cortar e escanhoar vão ser, por mais uns dias, companheiros de charlas diárias.
sócrates. mensagem de natal. positiva, no apelo à mobilização dos portugueses para o ano de 2011. justa, nas referências aos domínios em que a governação trouxe avanços, como a inovação científica e tecnológica, alguma educação – como a profissionalizante e os resultados do pisa – e alguma energia – como a renovável, embora com aparente fracasso da liberalização no mercado da electricidade. também justa, quanto aos sinais das exportações. muito questionável na generalização relativa aos mercados financeiros e a todas as economias europeias, no paralelo entre as estratégias dessas economias e a nossa, no passado recente e na omissão de vários outros sinais, esses negativos ou, pelo menos, preocupantes da situação nacional. enfim, hoje é natal e não há como ser muito crítico perante uma mensagem alusiva à época vivida…
isabel oliveira. conheci-a em o jornal. mais tarde, no independente. e, a seguir, no expresso. discreta mas competente. e muito simpática. deixa saudades…
domingo 26 e segunda 27
patriarca, misericórdias, submarinos e venezuela
mergulho. o de ontem, adiado… água agradável. mais frio cá fora. bastante mais…
submarinos. caso longe de estar arquivado. já não na decisão política em si mesma. mas nos contornos da investigação acerca dos contratos. matéria que ganharia em não converter-se em mais um dossiê nunca clarificado em termos jurídicos e, porventura, judicial.
reacções a sócrates. ontem mesmo, denunciando o auto-elogio sistemático. vindas das diversas oposições. todos sabemos como esse é um dos traços mais constantes da personalidade de sócrates. para não dizer do seu carácter: usar e abusar do auto-encómio e apagar ou esquecer a auto-responsabilização.
banca. dois caminhos a trilhar: ou novas fontes de financiamento externo ou o aumento de capital. isto, para evitar a venda global, pura e simples…
manuel ivo cruz. mais um querido amigo que parte. um homem da música. a quem a música, em portugal, tanto deve…
palavras pacificadoras de d. josé policarpo. nos 500 anos da misericórdia de óbidos. pondo água na fervura nas relações com a união das misericórdias. muito oportunas para desinflacionar uma aparente tensão, má para todos. e, sobretudo, má para os mais pobres e mais necessitados da máxima unidade no quadro das misericórdias.
ensino privado. com contratos de associação. os passos dados para o entendimento foram curtos. o governo tem de fazer mais. é a justiça da situação que o impõe. sem delongas!
venezuela. chávez lá conseguiu governar por decreto… um passo mais para a concentração de poderes, nada democrática. e andrés pérez morre nos eua. marcou uma era de aparente prosperidade em democracia, embora, de facto, corroída por corrupção que, mais tarde, viria a ser comprovada. lembro-me de, pelo expresso, ter acompanhado viagem oficial de eanes à venezuela nesse tempo, em 1978, e ter verificado que mesmo a democracia tinha que se lhe dissesse – com as cerimónias da viagem a terem de ser transmitidas em directo na televisão. sinais precursores da era chávez, em que o domínio comunicacional vai muito mais longe e passa as fronteiras que separam o pluralismo mediático da sua ausência.