Nas Bocas do Mundo – Viktor Orbán

Dentro de horas o primeiro-ministro da Hungria vai acumular a presidência rotativa da União Europeia. Nada de mais, não se desse o caso de os últimos sinais vindos de Budapeste serem motivo de preocupação.

orbán regressou ao poder em maio, após uma esclarecedora vitória sobre os desacreditados socialistas do mszp. mal assumiu funções, o líder do partido de direita fidesz assustou o mundo ao anunciar que o governo anterior tinha manipulado os números e que o país estava à beira da bancarrota. aproveitou a onda e criou um imposto sobre a banca, energia e telecomunicações. assustou os investidores estrangeiros – já bastava o discurso anti-semita de membros do seu partido – enquanto definia a criação de postos de trabalho como a prioridade do governo: a hungria é o país da união europeia com a mais baixa taxa de emprego e a pobreza atinge uma em cada três pessoas.

com a maioria absoluta vieram os tiques autoritários. foi instituída uma entidade reguladora da comunicação social que, a pretexto de conceitos vagos como a «dignidade humana», pode aplicar multas mastodônticas; os poderes do tribunal constitucional foram reduzidos; e agora orbán prepara um assalto ao banco central húngaro e respectivo governador, com a anunciada reforma do órgão regulador. valha que no meio deste desconchavo orbán não se tenha aliado à terceira força política: jobbik, a extrema-direita nacionalista cujas ligações ao entretanto proibido magyar gárda (saudosistas do governo nazi dos anos 40) são mais que conhecidos.

cesar.avo@sol.pt