À boa maneira portuguesa, muitos dos empresários – e alguns clientes – ficarão expectantes sobre as sábias decisões. A este propósito lembro-me sempre das doutas palavras do maior e mais conceituado crítico gastronómico português, José Quitério de seu nome. Para ele era praticamente impossível escolher o melhor restaurante porque, em primeiro lugar, não sabia se o serviço e a qualidade se tinham mantido desde a altura em que escreveu. Depois dizia que o chefe/cozinheiro podia ter mudado e com ele muita coisa se podia ter alterado.
Além disso, comentava também que não conhecia todos os restaurantes portugueses e que seria de uma injustiça total determinar em palavras qual o melhor. Por mais argumentos que lhe dessem, recusava sempre fazer a tal lista. Quando muito, ajudava apenas a recordar quais aqueles em que tinha saboreado melhor comida e serviço.
É claro que os leitores adoram listas e estrelas, mas para o José Quitério a verdade sobrepõe-se à curiosidade. Nunca me esqueci desta luta, até porque são vários os leitores que me pedem frequentemente que indique o melhor bar ou discoteca. Sem me querer comparar e plagiar a entidade máxima gastronómica, digo apenas que as melhores discotecas e bares foram aqueles onde nos divertimos mais e que por uma razão qualquer nos ficaram na memória. Houve noites em que estivemos muito poucos num bar, mas onde nos rimos e divertimos como se o dia não nascesse, da mesma forma que chegámos a estar quase sozinhos numa discoteca, mas em que a pista parecia fazer milagres transformando-nos em grandes dançarinos.
Há quem diga que nos recordamos da primeira vez que vimos todas as pessoas que foram ou são importantes nas nossas vidas. As que não conseguimos lembrar são aquelas que não nos marcaram. Passe o exagero, digo que as melhores noites foram todas aquelas que ficaram registadas no disco rígido. Independentemente do lugar…