«é preciso voltar ao mar, mas quem é que destruiu as pescas, quem é que destruiu a agricultura», questionou o candidato, numa referência ao consulado de cavaco silva como primeiro-ministro. foi «mal negociado», acrescentou, e «isso não teve só consequências económicas, teve consequências sociais e culturais, são actividades que fazem parte da nossa identidade».
é a resposta de alegre às palavras de cavaco silva, que tem vindo a criticar o desperdício de fundos comunitários destinados aos agricultores portugueses.
num almoço-comício em beja, o candidato apoiado pelo ps e pelo be retomou a ideia de que «uma nação não é um manual de finanças», e de que o país não precisa de lições de economia. ao invés, alegre centrou a atenção na importância da cultura. «não é só um ornamento, não é um luxo, é um instrumento de afirmação. o presidente da república, pelas suas funções, é quem tem mais responsabilidades. portugal não pode voltar-se para dentro, portugal só foi grande quando se abriu ao mundo». foi o pretexto para nova crítica ao principal adversário na corrida às presidenciais: «um presidente que não é capaz de ver isto faz de portugal um país provinciano, diminuído».
o histórico socialista voltou ainda a focar o caso das alegadas escutas do executivo a belém para defender que cavaco silva cometeu o «mais grave erro que um presidente pode cometer, o de violar a lealdade e a imparcialidade institucionais». já o caso bpn só indirectamente tem estado presente nas intervenções do candidato, que diz ser querer ser um presidente contra o «amiguismo» e a promiscuidade entre negócios e política.
«quem estava à espera do fmi vai ficar desiludido»
antes, numa visita a castro verde, e numa reacção aos resultados da emissão de dívida pública feita hoje pelo estado português, manuel alegre considerou que foi um «bom teste» e uma «boa notícia para portugal». «quem estava à espera do fmi vai ficar um pouco desiludido para já», afirmou o candidato presidencial, mas acrescentando que as pressões sobre o país vão continuar.