antes de um jantar de campanha em évora, o candidato apoiado pelo ps e pelo be mostra-se confiante. «tenho tido mobilização como nunca tinha tido», diz em entrevista ao sol. reclama o mérito de ter «à sua volta» dois partidos quase «inconciliáveis». e após explicações contraditórias, na última semana, sobre a cam-panha de publicidade que fez para o bpp, diz que «há ainda algo que falta esclarecer». mas não é agora.
o presidente eleito corre o risco de, quando for empossado, já ter cá o fmi. o que faria nessa situação?
as últimas notícias são no sentido de que o fmi está mais longe. o resultado do leilão da dívida foi muito bom. são boas notícias, são notícias de que a execução orçamental está a acalmar esta ofensiva especulativa.
o cenário do fmi está afastado?
não, e acho que há muita gente que quer a vinda do fmi. uns porque estão com impaciência e julgam que assim haverá uma crise política, que podem ir mais depressa para o poder. outros porque acham que o fmi aplicará aquele programa que certas forças políticas querem mas não têm coragem de apresentar a votos, porque sabem que não passaria.
está falar de pedro passos coelho? acha que o líder do psd quer a vinda do fmi?
não sei se quer ou não. ele disse uma vez que estava preparado para governar com o fmi, o que é um pouco surpreendente. o que significa o fmi? despedimento de milhares de pessoas, diminuição acentuadíssima do salário mínimo, mais cortes nos salários e nas pensões, um agravamento muito grande das condições de vida do povo português.
a entrada do fmi não seria um falhanço do governo?
seria um falhanço de toda a gente, sobretudo daqueles que iriam sofrer as consequências, os que iriam ser despedidos, os que veriam o salário cortado. talvez alguns, aqueles que sonham com o poder todo ou aqueles que querem esvaziar o estado social, ficassem satisfeitos. mas esses não são a maioria do povo português.
o governo poderia manter-se em funções nesse cenário?
uma das razões por que certas forças e certas pessoas querem o fmi é para atirar o governo abaixo. mas acho que esse é um preço muito duro para o povo português e até para aqueles que eventualmente venham a ser governo. não têm bem a ideia do que é governar com o fmi ou governar numa situação explosiva do ponto de vista social.
defendeu na campanha que há alternativas a esta política de austeridade. o governo tem usado precisamente o argumento contrário.
estou a falar em termos europeus, as alternativas têm que existir ao nível europeu.
mas o governo justificou as medidas de austeridade dizendo precisamente que não há alternativa.
porque estão encostados à parede, a espanha, portugal , a grécia, a irlanda. tendo em conta os compromissos assumidos e as imposições que são feitas, a porta fica muito estreita. mas admiro a determinação com que josé sócrates está a resistir ao fmi. independentemente das medidas, admito que às vezes é mais fácil capitular, e ele está a resistir à pressão. o fmi não entra por decisão própria, tem que ser o estado a pedir o recurso ao fundo de estabilização. mas esta pressão especulativa é feita para encostar os países à parede e forçá-los a essa decisão.
na sua opinião está resistir sem a ajuda de cavaco silva?
está a resistir, não só sem a ajuda, mas com cavaco silva a atrapalhar.