filha de um vendedor de fruta, leila era cabeleireira em meados dos anos 80, altura em que se relacionou – engravidando – com o então casado general. pouco depois, este atirou borda fora o fundador da tunísia moderna habib bourguiba, tomou as rédeas do país e casou-se com a profissional dos cortes de cabelo. de então para cá foi um fartar vilanagem que nem a fuga estancou. segundo a secreta francesa, a ‘regente de cartago’ levou para o exílio saudita o equivalente a 45 milhões de euros em barras de ouro.
não era segredo que a família se locupletava com os negócios do país, mas nos últimos anos a internet espalhou informação e acelerou a erosão do casal presidencial. a machadada foi dada pelo wikileaks: «muitas vezes referida como uma quase-máfia, uma menção oblíqua à ‘família’ é suficiente para indicar de que família se quer falar. aparentemente metade da comunidade empresarial tunisina pode reivindicar uma conexão a ben ali através de casamento (…). a mulher de ben ali, leila ben ali, e a sua família – trabelsi – provocam a maior ira aos tunisinos». o sistema de corrupção e nepotismo montado pela ‘regente’ – leila fazia e desfazia carreiras políticas – pode ter chegado ao fim, o que é um aviso aos regimes autoritários. mas é também demonstrativo de que se está em terreno fértil para o fundamentalismo, sob a capa da regeneração, poder esmagar os valores democráticos.