Um marido para Portugal

Quem não quer ser lobo, não lhe vista e pele; uma sedutora compulsiva terá de mudar o seu estilo se quiser ser levada a sério e o mesmo se aplica aos homens.

as mulheres ganhariam em conforto, paz e felicidade se aprendessem de uma vez por todas a escolher os homens fazendo uso de critérios semelhantes aos que os homens utilizam para as suas escolhas.

uma das coisas que sempre me fascinaram no modus operandi masculino consiste na capacidade inata de compartimentar as diferentes vertentes da existência, ao separar a família do trabalho, o trabalho do conhaque, as gajas das princesas, as amigas das namoradas e os arrufos das histórias sérias. há décadas, sempre que ouvia um homem dizer ‘essa só serve para isto ou aquilo’, ficava com vontade de lhe bater, porque queria que todas as mulheres do mundo fossem respeitadas. porém, com o tempo aprendi que a forma como os homens olham para as mulheres tem muito a ver com a forma como elas se comportam perante eles. não há moralismo no que aqui deixo como minha impressão da realidade, apenas o que considero ser o resultado de uma observação consistente e desapaixonada baseada no senso comum.

quem não quer ser lobo, não lhe vista e pele; uma sedutora compulsiva terá de mudar o seu estilo se quiser ser levada a sério e o mesmo se aplica aos homens, até porque, ao contrário do que eles pensam, nós também não gostamos dos tipos que vão com todas sem critério e cujo objectivo é chegar ao almoço ou jantar semanal da rapaziada e delatar, perante uma plateia ávida e sedenta, as proezas sexuais da semana anterior.

conheço alguns exemplares dessa estirpe, com quem mantenho uma relação de cordialidade distante, primeiro porque não me seduzem e segundo porque me aborrecem.

prefiro o macho selectivo, exigente e consistente, que é capaz de passar anos, décadas ou uma vida inteira concentrado na mesma mulher, se achar que vale a pena.

mas, afinal, o que querem as mulheres? é verdade que todas sonhamos em casar com o che guevara, mas depois o que mais queremos é que ele corte a barba e tome conta de nós. talvez o mais prudente seja mesmo escolher um que já venha barbeado, que já saiba o que quer e que nos queira acima de tudo. os meus dois melhores amigos homens são namorados complicados e maridos difíceis; adoro-os, mas não os quereria nunca em nenhum desses estatutos, porque sei que não iria resultar. e, no entanto, eles são bonitos, inteligentes, talentosos e praticamente irresistíveis.

a questão que aqui ponho é semelhante à escolha do presidente que queremos para portugal: não temos já a obrigação de agir de forma madura? queremos um poeta bem parecido de olho azul que é uma aventura pelo desconhecido, ou uma opção segura por um homem de estado capaz de gerir equilíbrios que nos pode trazer o sentido de unidade e de confiança de que tanto precisamos? existe um limite para aguentar a incerteza, tanto pessoal, como nacional, para bem do coração e, já agora, da nação.