Luto cor-de-rosa

Uma revista de moda dos anos 50, carcomida pelo tempo, pisca-nos o olho na montra. Os manequins usam chapéus da mesma década, quando não uma afro a condizer com a bola de espelhos recostada entre os óculos à anos 80.

podia ser uma loja de máscaras, mas aqui nada é a fingir. a viúva alegre é o mais recente projecto dos sócios d’a outra face da lua, pioneiros no negócio em roupa e acessórios vintage na capital.
perto das ruas da assunção e dos douradores, onde se encontram os outros dois espaços (uma loja e um outlet) da equipa liderada por carla belchior, a viúva alegre assentou no n.º 17 da rua de s. nicolau.

que diferença há entre esta e os projectos antigos? «a viúva alegre tem mais acessórios, é mais cozy e aqui os próprios clientes podem tentar vender-nos as roupas da tia ou da avó», responde nuno lopes, sócio do espaço. além disso, a maioria das peças não são em segunda-mão, mas sim dead stocks de boutiques e armazéns acabados de fechar.

«é preciso ter olho para estas coisas, passear vezes sem conta pelas mesmas ruas para ver o que está diferente…», observa nuno, preservando os segredos do negócio.

é esse «sentido de oportunidade» que explica as mais de 100 peças da por-fi-ri-os (extinta marca dos anos 80), «com etiqueta e tudo», com que a loja inaugurou no mês passado.

aqui e ali, ainda se encontram uns blazers de homem da referida marca entre os cabides da loja. mas há muito mais para descobrir no vasto espólio deixado por lulu, personagem imaginária que dá o nome à loja. é ela uma viúva bem-disposta que decidiu regressar a casa e vender as vestes que acompanharam os seus sucessivos casamentos. tal como os maridos, também as roupas podem ir desta para melhor.