nas férias de natal, barack obama leu uma biografia de ronald reagan. este foi o presidente dos estados unidos que saiu de cena com a mais alta taxa de aprovação e também sofrera a meio do mandato uma perda de maioria no congresso. ter-se-á ainda inspirado no marido da sua secretária de estado, bill clinton, também numa camisa de onze varas pelo mesmíssimo motivo.
o tiroteio de tucson foi o início de um novo ciclo. o líder havaiano aproveitou a tragédia que se abateu sobre a deputada gabrielle giffords e as seis vítimas mortais e, num discurso que tocou o país, conseguiu reunir a maioria à sua volta. nesta semana, durante o tradicional discurso presidencial no capitólio, não dedicou uma linha a quem lhe chama ora nazi, ora comunista, não se queixou dos adversários internos nem externos (omitindo ou não detalhando questões sensíveis de política externa).
virou-se para os trabalhadores e empresários e lançou-lhes uma série de desafios – o «momento sputnik», como lhe chamou –, mostrando a um tempo liderança e compromisso com a oposição. tentou devolver ânimo e esperança a uns estados unidos consumidos pelos conflitos bélicos e partidários e ainda a lamberem as feridas da crise de 2008.