quinta 27
tunísia, egipto e açores
tunísia. festa na revolução pela queda da ditadura de ben ali. magnífica. interrogação: no final, ganharão os democratas ou os radicais fundamentalistas? jasmim igual a cravo português, mas ‘cravo estilo soares’ ou ‘cravo estilo cunhal-gonçalves’, naturalmente noutro contexto e com outra inspiração?
egipto. mais uma revolução em curso. e as mesmas esperanças e as mesmas interrogações. em grande. o egipto tem posição-chave. recordemos o seu papel nas relações israel-palestina. será que eua e ue têm espaço geoestratégico de intervenção? ou perderam-no por terem apoiado tempo demais a ditadura?
açores. mais um pontapé nas regras do governo de sócrates. a alargar às empresas públicas regionais o regime da função pública da região e das autarquias locais. césar a mostrar as debilidades do executivo socialista. uma semana depois de o eleitorado açoriano ter votado massivamente em cavaco.
biblioteca. apontado o novo professor bibliotecário da faculdade de direito. miguel teixeira de sousa. terminada a minha missão de quatro anos e meio. um abraço amigo de felicidades ao sucessor. em tempos de vacas magrérrimas…
itd. jantar dos quatro anos do instituto transatlântico democrático. estado da nação tema da minha intervenção. debate amplo e longo. até quase às duas da manhã. mira amaral com boa achega económica. gente nova muito participante.
concurso na tvi. continuo a recolher e a organizar centenas e centenas de trabalhos. o prazo terminou dia 23, mas o correio traz os mais retardatários…
sexta 28
sophia, redol, horta osório e capucho
sophia. espólio na biblioteca nacional. com exposição a não perder, e um catálogo de luxo. de paula mourão.
redol. cem anos a comemorar em 2011. iniciativa longa e rica da câmara de vila franca de xira.
rui pereira. duas demissões em consequência da balbúrdia eleitoral com os cartões de cidadão. ou pedidos delas. enfraquecimento ministerial. mais um…
horta osório. e já lá vão 47 anos. jantar em lisboa com quatro dezenas de familiares e amigos. história da noite: a chegada, no primeiro dia, ao lloyd’s às 6h45 da manhã. ninguém lá estava, a não ser o porteiro. no dia seguinte, uma mole acotovelava-se antes das 7h… o mais aliviado de todos os convivas – josé eduardo bettencourt. a justo título…
capucho. suspensão da câmara de cascais a saber a despedida. carreiras, na calha para 2013. um abraço a antónio capucho. amigo de muitas décadas. e o feeling de que a assembleia da república pode vir a ter nele um presidente. mas só feeling…
aulas de doutoramento. fim da tarde, finalmente com algum aquecimento na faculdade sempre gelada… no edifício antigo. milagre!
debate parlamentar. sócrates com outra disposição. para o combate anti–fmi. e para eventual campanha eleitoral. mas sensação de déjà vu. para não dizer très vu et fatigant.
josé vicente de freitas. biografia do homem que ajudou a levar carmona a presidente eleito, a convidar salazar, a fazer a avenida 24 de julho, a abrir o parque eduardo vii. e que se afastou, elegantemente, por querer que o 28 de maio caminhasse para democracia liberal logo em 1933. e ainda foi um reputado pedagogo, professor de desenho e cartógrafo. biógrafo deste madeirense ilustre: o governante madeirense francisco fernandes.
sábado 29 e domingo 30
sócrates sempre em campanha, economia social e juízes
sócrates em campanha. educação é, tal como no outono de 2009, a palavra de ordem. governantes palmilharam o país a inaugurar escolas remodeladas ou ampliadas. porventura, refeitas quase da base. ninguém sabe se as eleições serão em junho – o que seria mau para todos – se em janeiro ou fevereiro de 2012. mas afigura-se evidente que elas estão a chegar. raio de país que anda em campanha há dois anos e nela vai continuar com várias crises às costas…
netos. montei skype para ouvir e ver os netos – e o filho e a nora – em s. paulo. ontem e hoje foi um matar saudades. em rigor, um iludir saudades. começam as aulas amanhã. a muitos milhares de quilómetros da escola a que, de quando em vez, os ia buscar. é a vida. mas uma vida, neste particular, muito agreste.
josé pedro barreto. era competente, contido, profundamente bom e serenamente amigo para os amigos e cordial para os demais. trabalhámos no semanário, já lá vão quase trinta anos. reencontrei-o na tvi, há onze. o mesmo. sem estados de alma ou prima-donices tão comuns neste domínio. fazia o que tinha a fazer e bem. não se punha em bicos dos pés, mas sabia que valia muito. e valia. voltei a cruzar-me com ele, de novo na tvi, há oito meses. foi apanhado de surpresa por um ataque cardíaco. deixa imensas saudades. de tanto ser humilde, contagiou-me: fico com a sensação de nunca lhe ter dito exactamente o que pensava da sua grandeza de espírito.
inválidos do comércio. lançamento da obra sobre os seus 80 anos de contínua e abnegada acção solidária. que nasceu nos primórdios da ditadura, atravessou-a resistindo-lhe e sobreviveu às peripécias económico-financeiras das décadas seguintes. o livro, exaustivo e esclarecedor, é de rosa trindade e fernando lemos. presidiu à cerimónia, que também assinalou a visão precursora da instituição, a ministra helena andré. é muito simpática, terra a terra, tinha palavras bem preparadas e aproveitou para falar no importante terceiro sector – o social. pareceu-me genuína, longe dos tipos políticos artificiais, para a imagem, cosméticos. e a cerimónia, cheia pelo calor de inúmeros associados e residentes – vários acima dos 90 anos –, valeu por todo o fim-de-semana…
economia social. por falar no terceiro sector, o psd promete para breve uma lei de bases. assim disputando ao ps uma área que ele tem, amiúde, menosprezado.
bem-aventuranças. o meu evangelho preferido. com homilia directa e apelativa de jovem sacerdote africano. e, no final, possibilidade de apoiar a helpo – ong de que falei em intervenção televisiva feita a partir de maputo. sábado revigorante!
juízes. presidente do supremo em colisão com juiz de instrução do processo face oculta – noticia-se. bom para mais uma achega ao prestígio da justiça…
josé penedos. ângelo correia e eduardo catroga, também testemunhas abonatórias. elenco amplo e diversificado.
poesia.livraria dedicada apenas à poesia: poesia incompleta. informam diversos leitores. na cecílio de sousa, ao príncipe real, em lisboa. merece referência.
segunda 31
mais campanha eleitoral, recordação e pide-dgs
mais campanha. ps diz que voto em cavaco foi voto no seu governo. psd quer extinguir empresas públicas não rentáveis em sectores em que se não justifique o monopólio público. cds tenta formar movimento para ampliar base de apoio seu e do futuro governo de centro-direita. a campanha prossegue, apesar de discursos formais de estabilidade. com almeida santos a reaparecer, recuperado daquela inesquecível justificação para o sofrimento do povo – o acompanhar o sofrimento do governo. quem disse que estes meses mais próximos iriam ser monótonos?
perplexidade do zé povinho. não percebe onde vão os políticos buscar tanta energia para mais campanha. ele está derreado com cortes salariais, subidas de impostos, taxas e tarifas. mais as eleições de 2009 e as de há quinze dias. e conta euros e cêntimos para enfrentar as crises. pasma com o desplante do ps a quase cantar vitória com cavaco. e a colagem do cds a essa vitória. observa os movimentos do psd. ouve, lá ao fundo, as recriminações recíprocas de pcp e be. tem a vaga sensação de que há dois portugais – o seu, o das crises; o dos políticos – o dos jogos de poder, só.
recordação. foi nos anos 70, inícios. na rua cecílio de sousa (da poesia incompleta), um grupo de jovens arrendaram andar para associação político-cultural: a adhoc. precisamente o andar em que morara, mais de vinte anos antes, amália rodrigues. com saída escondida para o príncipe real. por onde passaria – dizia-se – empresário que muito apoiara a sua formação e projecção musical. a adhoc constituiu-se e foi logo dissolvida: a pide-dgs daria parecer desfavorável por, nos seus fundadores, haver ‘comunistas’. neles se contavam, entre outros, antónio guterres, carlos santos ferreira e o autor deste diário apressado.
josé octávio van dunem. passou, ontem, por lisboa, vindo do rio de janeiro e partindo, à noite, para luanda. falámos das relações fraternas entre a sua e a minha faculdade, dos júris de mestrado em que estaremos, em luanda, nos dias 8 e 9, do curso para dirigentes locais em que vou dar aulas – na agostinho neto – e, em especial, da tertúlia que o sol promoverá dia 10, em luanda – depois de seminário académico para doutorandos e mestrandos. tertúlia essa em que os dois participaremos, com a moderação do companheiro de viagem josé antónio lima. achei-o em grande forma. em pleno ano sabático e dedicado à banca. um católico atento ao futuro, mas moderado na intervenção presente.
terça 1
cimeira da ue e crise financeira
cimeira da ue. vem aí. com flexibilização da posição alemã. que terá um preço. qual? ninguém sabe. só se sabe que não há, também aqui, almoços grátis…
crise financeira. seminário na minha faculdade sobre a crise financeira. com praticamente todos os papas na matéria. incluindo a experientíssima teresa ter-minassian. ideias-chave: cortar despesas de saúde, aumentar poupança e diversificar exportações (quase 70% das portuguesas são para a europa). no geral, o seminário foi um êxito. parabéns ao idef e a eduardo paz ferreira. ficou a noção de que temos de fazer por nós o que mais ninguém pode fazer em termos de caminho para sair das crises.
teodora cardoso. bem, desta feita, no seminário sobre o fmi. dizendo o que era preciso dizer – os portugueses vão ter de baixar padrões de vida, nestas circunstâncias, incomportáveis – sem risco de interpretações complexas acerca da vinda do fmi.
igreja solidária. iniciativa da igreja católica. para ajudar a enfrentar a crise actual. apoios concretos a famílias ultrapassam já os 200 mil euros. e ainda se vai no começo.
quarta 2
ainda egipto, lacão e ps
egipto. todos os dias, a revolução nas ruas acelera um pouco mais. até el-baradei já tem ar de solução precária. ou seja, de não-solução.
petróleo. 102 dólares o barril. o canal do suez ainda pesa muito.
lacão. só agora vem defender a redução de deputados. dividindo o próprio ps. clara manobra de diversão.
cavaco. esclarece que pagou sisa. mesmo que seja tarde, vem dissipar dúvidas. até porque o ganho de 16 mil contos na permuta de uma casa que vale cinco vezes isso, feita com um amigo de infância, não parece um favor político.
vingança da águia. depois dos 0-5 para o campeonato, vitória por 2-0 para a taça. águia voou. dragão que se acautele: não está a jogar quase nada há algumas semanas.
fundação inês de castro. prémio literário de 2010 atribuído a hélia correia. e prémio carreira para vasco graça moura. entrega terá lugar no próximo sábado. na quinta das lágrimas, claro… duas justas consagrações.