As festas são sempre um bom pretexto para mais um pezinho de dança. O calor nocturno, a rondar os 30ºC, como que puxa o corpo para fora da cama e, ao fim-de-semana, é tempo de entrar num ritmo dançante. Por estas bandas sempre que se organiza alguma coisa num dos locais mais em voga é necessário contar com pelo menos 100 dólares para o bilhete de entrada. Já se sabe que para a zona VIP o preço duplica. Sendo um país a crescer a uma velocidade impressionante, não faltam clientes nas referidas festas. O mais engraçado, não fosse Angola um país que fala português, é que no final da noite contam-se quase sempre o dobro dos convites em relação ao número de bilhetes emitidos. Confusos? A explicação é simples. Quando uma discoteca, associada, regra geral a uma marca de bebidas, faz, por exemplo, dois mil bilhetes para determinada noite, alguém rapidamente encomenda a uma gráfica a cópia desses mesmos bilhetes e vende-os no mercado paralelo a um preço semelhante ao oficial. Depois de muito constatarem este facto, as discotecas, algumas, passaram a usar convites com hologramas que impossibilitam a falsificação. Outro dado curioso é que as mulheres não gostam de ‘levar’ com um carimbo holográfico –só visível debaixo de luz negra e que não suja nem deixa manchas na roupa ou na pele. Acham humilhante e, por vezes, acontecem cenas hilariantes.
Mas, no que à animação diz respeito – e que é a única coisa que importa aos clientes das casas –, diga-se que os guardanapos de papel que estão espalhados pelos diversos balcões vão sendo procurados a um ritmo frenético. O suor provocado pelas altas temperaturas e pelo esforço despendido nas danças sensuais faz os presentes rumarem com frequência até aos bares para pedirem mais bebidas e limparem-se com os tais guardanapos.
Por mim, confesso alguma frustração por ser de uma inabilidade total para as danças africanas e nem tentar fazer figuras ridículas. Embora, como dizia o célebre filósofo, não é triste fazer figura de palhaço, triste é fazer figura de palhaço sem saber que se o está a fazer…
vitor.rainho@sol.pt