a mais recente prova foram as duas cartas enviadas pelos líderes europeus a hosni mubarak, obliterando a existência de catherine ashton e do seu serviço diplomático.
é certo que a sua impassibilidade e inacção não a levam a fazer figuras circenses como a da ministra dos negócios estrangeiros francesa (michèle alliot-marie propôs em plena assembleia nacional ajudar com o «savoir-faire das forças de segurança» os regimes do tunisino ben ali e do argelino bouteflika) ou o contorcionismo pragmático de hillary clinton e barack obama quanto ao desenrolar dos acontecimentos no egipto. mas ser coerentemente pelúcida não chega para estar à frente de um departamento de bruxelas que emprega mais de 3500 funcionários e 120 representações diplomáticas. não bastasse, rodeou-se de conselheiros e administradores britânicos ou nórdicos, causando divisões e mal-estar nos 27.
catherine ashton, ao esperar quase uma semana pela revolta egípcia em curso para no fim dizer banalidades, dá razão às anedotas que circulam: «o serviço europeu de acção diplomática está em funcionamento? ah, sim, mas qual acção?», contava ao le monde um alto diplomata.