Um indivíduo com passaporte dos Estados Unidos em nome de Raymond Davis terá sido perseguido no seu automóvel por dois motociclistas durante um par de horas. A dada altura o cavalheiro acossado decidiu puxar do revólver e despachou os paquistaneses – também eles armados. Pouco depois, um carro do consulado dos EUA, que seguia em socorro do compatriota, atropelou mortalmente uma terceira pessoa. A polícia paquistanesa identificou e deteve o homem que diz ser Davis. Este declarou ter agido em autodefesa e possuir imunidade diplomática.
A partir daqui é que os sarilhos começaram, num braço-de-ferro sem fim à vista entre Paquistão e Estados Unidos. A polícia diz ter apreendido fotografias de instalações militares ao ‘diplomata’ e, além da acusação de duplo homicídio, o norte-americano poderá vir a ser julgado por espionagem. Washington alega a imunidade diplomática do «conselheiro técnico» e pede a sua libertação.
Enquanto isso, as relações bilaterais deterioram-se até níveis perigosos: o frágil Governo paquistanês chuta o assunto para os tribunais, mas Hillary Clinton cancelou um encontro com o homólogo e vários congressistas ameaçam cortar os chorudos cheques para este aliado tão essencial quanto claudicante. Velhos métodos num jogo que pode ser tão ou mais explosivo que a revolta no mundo árabe.