josé sócrates e teixeira dos santos vão utilizar o valor do défice de 2010 para contrariar a percepção de risco associada às contas públicas. o número definitivo ainda está a ser apurado pelo instituto nacional de estatística (ine), para ser apresentado a bruxelas em março, mas, segundo apurou o sol, o governo antecipa que o défice fique em 6,9% do pib, contra os 7,3%inicialmente previstos.
no início de janeiro, o primeiro-ministro e o ministro das finanças anunciaram que a execução orçamental de 2010 tinha uma folga de 800 milhões de euros, em contabilidade pública (óptica de caixa). na altura, foi garantido que o défice ficaria abaixo de 7,3%, mas não foi avançado um valor, pois o défice é reportado a bruxelas em contabilidade nacional (óptica de compromissos), apurada pelo ine. contudo, os cálculos que circulam em são bento indicam que os 2,8 mil milhões de euros de receita extraordinária com o fundo de pensões da pt terão conseguido levar o défice para 6,9%.
o défice mais baixo do que o previsto será um trunfo de peso para o executivo, num momento particularmente crítico. esta semana, o presidente da república reuniu com o ministro das finanças, um sinal da preocupação de cavaco silva com a evolução das contas públicas. e, apesar de ter sido feita uma emissão em bilhetes do tesouro de mil milhões com juros mais baixos do que a anterior, no mercado secundário os juros a 10 anos continuaram acima de 7%.
em bruxelas, à entrada para uma reunião de ministros das finanças da ue, teixeira dos santos (na foto) queixou-se do atraso no reforço do fundo de resgate europeu, mas as notícias da economia real portuguesa também não são animadoras. o ine revelou que portugal terminou o ano em contracção e o governador do banco de portugal admitiu, em entrevista ao económico, que o país está em recessão.
joao.madeira@sol.pt