As quezílias e as entradas mais duras ficaram no relvado e ao redor do balcão o que conta é beber umas Guinness ou outras iguarias refrescantes. Sempre achei curiosa essa forma de ressaca laboral. Durante muitos anos, todas as terças-feiras íamos religiosamente ao Snob depois de fechar a revista. Nunca nos demos muito com as outras equipas, leia-se jornalistas da concorrência, por razões meramente de estilo de vida. Nós o que queríamos quando nos sentávamos e pedíamos o bife e as cervejas era rir e descontrair, enquanto nas outras mesas se continuava a discutir os destinos do mundo. É claro que tenho amigos e pessoas com quem simpatizo na profissão, mas sempre detestei prolongar as angústias existenciais, profissionais, é evidente, nos locais feitos para descomprimir.
Quando muito, procurávamos ter ideias para artigos futuros, mas estes só surgiam de picardias entre nós. Chegámos a assistir a discussões acaloradas, que quase acabavam em vias de facto, nas mesas vizinhas. Infelizmente, alguns dos autores dos ‘confrontos’ épicos já desapareceram. E foi por uma ou outra vez ter respondido a quem não devia – a falta de honestidade é uma coisa que me tira do sério – que perdi esse velho hábito de saborear umas cervejas depois do fecho da revista. É claro que o prazer de ‘picar’ o senhor Albino e a grande figura Azevedo não podia desaparecer por causa de uma ou outra situação desagradável.
No que à noite diz respeito, é sempre curioso encontrar vários empresários ou gente ligada à animação nocturna no mesmo espaço em ressaca laboral. Por norma, contam-se os episódios mais divertidos e marcantes, ficando a concorrência para outras núpcias. Tudo é mais puro e o Pepe e a Marta aguentam longas discussões saudáveis. O seu bar fez dois anos na passada semana e merecem os parabéns públicos. Tchim, tchim ao Puro Vício.
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