a principal operação prende-se a venda do principal prédio dos correios em coimbra, onde os ctt terão perdido cerca de 5,2 milhões de euros. no dia de 20 de março de 2003, o imóvel localizado na av. fernão magalhães foi vendido por 14,8 milhões de euros à demagre, tendo esta empresa revendido o imóvel minutos depois por 20 milhões à esaf (espírito santo activos financeiros). segundo a investigação do diap de lisboa, liderado pela procuradora-geral adjunta maria josé morgado, existem diversas provas documentais de que foram pagas ‘luvas’ de 1,6 milhões de euros pela venda daquele imóvel. uma dessas provas consiste em documentação interna da demagre onde se indicia o pagamento de «um milhão de euros» a «amigos ctt».
noutras provas documentais apreendidos aos gestores da demagre são referidos os nomes de horta e costa e de manuel baptista (ex-vice-presidente dos ctt que foi pronunciado pelos mesmos crimes que horta e costa), além de diversos políticos. mas a 9ª secção do diap de lisboa, coordenada pela procuradora teresa almeida, não conseguiu reunir prova cabal de que os ex-gestores públicos (ou qualquer outro nome referido nessa documentação) tenham recebido o dinheiro.
o juiz carlos alexandre, magistrado do tribunal central de investigação criminal que hoje encerrou a fase de instrução do chamado processo ctt, decidiu igualmente pronunciar mais 10 dos 16 arguidos que tinham sido acusados pelo diap de lisboa. entre estes, está luís vilar, ex-vereador da câmara de coimbra, que será julgado pelos crimes de corrupção passiva para acto ilícito e por branqueamento de capitais. vilar terá recebido cerca de 105 mil euros da demagre a coberto de um contrato de avença que, no entender da acusação do diap de lisboa, representa uma contrapartida para o então vereador do ps votar favoravelmente na câmara de coimbra o arrendamento de parte do prédio comprado pela demagre aos correios.
júlio macedo e pedro garcez – sócios da demagre – irão ser julgados por corrupção activa para acto ilícito, participação económica em negócio e branqueamento de capitais. marcos lagoa, ex-presidente da esaf, foi pronunciado por fraude fiscal por ter recebido 50 mil euros em ‘dinheiro vivo’ e não o ter declarado à administração fiscal.
gonçalo leónidas rocha, ex-administrador dos ctt, será igualmente julgado pelo crime de gestão danosa.
este actual gestor do bcp e antónio bernardo (administrador da roland berger) foram ilibados do crime de corrupção para acto ilícito. segundo o diap de lisboa, rocha foi mandatado por horta e costa para contratar a roland berger para consultora dos ctt, tendo alegadamente negociado a sua saída da empresa pública para aquela consultora internacional onde recebeu 83 mil euros brutos por seis meses de trabalho. o juiz carlos alexandre, contudo, entendeu que não existiam indícios suficientemente fortes para pronunciar leónidas rocha pelo crime de corrupção.
luís ramos, ex-director de serviços dos ctt acusado do crime de corrupção passiva, foi igualmente ilibado. o mesmo aconteceu com carlos godinho simões, carlos baptista, armando rodrigues e pedro mora (intermediários do negócio imobiliário de coimbra).