Numa época em que a Europa atravessa uma grave crise económica e o desemprego alastra todos os dias – Espanha já vai nos 20 % –, alguns governos decidem que o importante é aplicar leis mais restritivas contra o fumo do tabaco. O que se está a passar em terras vizinhas chega a ser caricato. Apesar do elevado número de desempregados, o Executivo de Zapatero decidiu que em bares e discotecas não se pode fumar. Basta uma simples ronda pela internet para perceber que essa medida está a contribuir para que uns tantos milhares fiquem sem emprego. Cada vez mais, as opções passam por fazer festas em casa onde não existam polícias dos costumes ou empregados vítimas do fumo. A Europa caminha para o abismo e parece que está cheia de vontade de dar um passo em frente. Se nos lembrarmos que na Holanda se pode fumar marijuana em coffee shops, mas que não se pode adicionar tabaco, percebe-se para onde caminha o velho continente.
Mas imaginemos, e não falta muito, que os eurocratas decidem que cada frequentador de espaços de diversão nocturna não pode consumir mais do que um copo de vinho. As bebidas destiladas serão banidas e as discotecas e bares transformar-se-ão em igrejas. Que sentido faz num local onde a música prejudica a audição, o álcool consome o fígado e o tabaco os pulmões, proibir este último? Deve ser engraçado assistir nas casas espanholas mais famosas aos clientes a poderem consumir tudo e mais alguma coisa, mas estarem proibidos de puxar de um cigarro. É caso para dizer que as pessoas podem morrer à fome – com o desemprego –, mas irão saudáveis para o funeral.
Esta semana ficou a saber-se que, segundo a legislação portuguesa, nem na própria casa as pessoas podem fumar se lá estiver a empregada doméstica. O ridículo não tem limites.
P.S. É curioso que em Espanha ainda ninguém se tenha lembrado de convocar no Facebook uma manifestação contra a medida…
vitor.rainho@sol.pt