ModaLisboa, dia 4: Um amor que continua vivo [com fotos

Nos 20 anos da ModaLisboa o tema era amor e foi amor, esforço e dedicação que desfilaram nos quatro dias do evento e que marcam o caminho trilhado pela moda portuguesa. Um percurso sinuoso, repleto de obstáculos, incompreensão e falta de apoios. Mas que segue em frente e vai assegurando as suas vitórias.

a única estreia desta edição ficou a cargo de os burgueses. a dupla chegou à passerelle da plataforma mais experimental lab com alguma expectativa e pode-se dizer que cumpriu os requisitos. apostando num jogo de contrastes – justo versus volume e estruturado versus drapeado – o padrão xadrez, as sedas estampadas e as peles sintéticas serviram de ponte para uma desconstrução (em alguns casos excessiva) dos modelos. ainda assim, destaque para as construções em leque dos casacos, num inverno que se pretende quente e elegante. antes de os burgueses, o lab recebeu o repetente vítor, que apresentou uma colecção inspirada nos albinos.

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na passerelle principal o dia arrancou com os white tent. inspirados por alguns ícones dos vestuário de trabalho, apresentaram uma colecção com o espirito minimalista que caracteriza o seu trabalho. peças muito bem confeccionadas e versáteis, mas que deixaram a vontade de ver a dupla dar um passo mais surpreendente.

seguiu-se miguel vieira e os seus ’anfitriões perfeitos’, como designou a sua colecção. uma vez mais o designer de moda apresentou propostas femininas elegantes, mas previsíveis, sem nada de inovador. a colecção masculina pareceu mais estimulante, mas ainda assim as mesmas peças, em variações cromáticas, foram repetidas de forma exaustiva.

dino alves e ricardo dourado tiveram em comum a forma como exploraram a geometria, em duas colecções bastante interessantes. em dino alves destaque para os jogos de transparências e das pregas em duas cores, numa colecção que marcou a continuidade do trabalho apresentado na edição anterior da modalisboa.

por sua vez, ricardo dourado voltou a mostrar a sua solidez enquanto designer. aplauso para os vestidos, camiseiros e casacos com trabalhos de sobreposições e volumes, numa colecção extremamente homogénea e criativa.

com o provocador tema testoscracia, nuno gama fechou o dia com uma colecção mais sóbria, repleta de casacos bem estruturados e elegantes, para um homem seguro de si. no final, ainda deliciou a plateia – já ao rubro e habituada aos seus desfiles carregados de testosterona – com um grupo de homens suados, como que acabados de sair do ginásio, os tais testocratas modernos.

a 36ª edição da modalisboa fechou com um ‘parabéns modalisboa 20’, uma homenagem feita pelo criador do norte a todos os que deram vida – e amor – a duas décadas do evento e assim ajudaram a construir a identidade da moda feita em portugal.

 

alexandra.ho@sol.pt

raquel.carrilho@sol.pt