não faço ideia se a manifestação de amanhã, da famosa geração à rasca, será um monumental fiasco se um enorme grito de revolta contra as desigualdades sociais. sei, sim, que portugal é um país muito complexo e de difícil compreensão. muitos dos promotores das manifestações de amanhã dizem-se contra os políticos, governantes e demais decisores da causa pública ou privada. não sei muito bem o que pretendem com a manifestação, mas acredito que não queiram uma sociedade em que o caos dite leis.
posto isto, passo a enumerar uma lista de alguns temas que teriam merecido uma forte manifestação de desagrado: em primeiro lugar, a actuação da asae, um organismo estatal que foi criado com a a nobre intenção de zelar pela segurança alimentar e económica. e o que fez este organismo? munido de um caderno de boas normas e condutas digno de um país nórdico onde as pessoas não podem puxar o autoclismo à noite para não perturbarem os vizinhos, fez-se à estrada atacando tradições e destruindo a economia de milhares de famílias. ainda esta semana o correio da manhã dava conta de que o único empresário de niza – que fabrica os célebres queijos da região – teve um enfarte depois de ser outra vez visitado e multado pelos agentes da asae, que o queriam obrigar a usar herbicidas numas ervas que se encontram no exterior da fábrica. pode parecer um caso isolado, mas não. é bem o reflexo das coisas negativas que se passam. «é a falta de senso que manda neste país, onde se fazem leis sem perceber do que estão a tratar, e depois outros aplicam-nas sem perceber nada do que andam a fazer». o comentário é do empresário de 72 anos que fabrica os queijos. é evidente que a asae tem feito coisas bastante positivas, mas as negativas destroem famílias e mandam muita gente para o desemprego…
outra razão para uma boa manifestação: o estado caótico da justiça portuguesa que permite a corrupção de colarinho branco enquanto pessoas empreendedoras são anuladas por não pactuarem com essa mesma corrupção. isto já para não falar da falta de segurança criada por uma justiça que solta criminosos e quase prende santos, passe o exagero.
mais um argumento para uma megamanifestação: o estado deplorável em que vivem milhares e milhares de idosos. alguém está disposto a exigir aos políticos melhores condições para esses pais e avôs? não me parece. a manifestação de amanhã nasce de um descontentamento generalizado de uma (ou mais) geração. tenho a nítida sensação que a mesma acontece por razões pessoais e não tanto por se querer uma sociedade mais justa para todos. ainda nas últimas eleições que se realizaram em portugal, 50 por cento da população activa preferiu ficar em casa a exercer o seu direito de voto.
vitor.rainho@sol.pt