Benfica-Porto: perigo à vista

Os ingredientes para uma enorme confusão estão todos ao lume. Se os dirigentes não apelarem ao bom senso estão a atirar gasolina para a fogueira.

o país vive momentos de grande crispação e é natural que os nervos estejam à flor da pele. cada vez mais, as pessoas tomam partido em discussões usando como argumento as suas cores partidárias, religiosas ou clubísticas. manda a prudência que quem tem responsabilidades nas diferentes áreas use de alguma parcimónia para não agitar ainda mais as águas já bastante conturbadas.

sendo o mundo do futebol um campo tão fértil em falta de racionalidade, não deixa de ser preocupante o que se tem passado nos últimos tempos. com o país à beira de um ataque de nervos pela profunda crise instalada, o futebol poderá ser um escape altamente perigoso. vamos aos dados: o fc porto está a um passo de se tornar campeão nacional, enquanto o benfica aposta tudo em três frentes diferentes – numa das quais o porto também está na luta. se as coisas se cingissem ao talento de uma ou de outra equipa, nenhum mal vinha ao mundo. mas os ataques físicos contra dirigentes, no caso do benfica, embora noutros casos possam ter sido contra os do porto, estão a contribuir para transformar o próximo jogo entre os dois clubes, na próxima semana, num verdadeiro barril de pólvora. o clube do norte vai jogar a lisboa num encontro onde poderá sagrar-se campeão. é bom de ver que o ataque à comitiva benfiquista, que regressava à capital depois de ter jogado em paços de ferreira, teve um efeito semelhante a atirar gasolina para uma fogueira. bem podem os dirigentes portistas demarcar-se dos actos e queixar-se de que também foram alvo de atitudes semelhantes num passado recente. pouco importa, o país precisa é que os responsáveis máximos dos dois clubes façam um pacto de não agressão e apelem ao bom senso. no estado em que o país está, é bom que tenham noção de que terão uma boa quota parte de tudo o que de mau aconteça no interior, nas imediações ou a caminho do estádio da luz daqui a uma semana.

pinto da costa, presidente do porto, gosta de brincar com trocadilhos e usa o seu poder para acicatar os ânimos da claque dos dragões. do lado benfiquista, também não faltam personagens que o querem imitar. chegou a hora de todos serem crescidinhos e perceberem que o tempo não está para brincadeiras e que o país não precisa de mais uma guerra.

p.s. – é espantoso como são cada vez mais os que defendem uma ampla coligação governamental para tirar portugal do buraco onde caiu. segundo as regras da democracia, a alternância é um valor fundamental para que o povo possa escolher de acordo com o que pensa ser melhor para o país. sem alternativas a quem vai o povo recorrer? aos homens da luta?

vitor.rainho@sol.pt