Nas Bocas do Mundo – Nicolas Sarkozy

Em Benghazi, na manifestação de quarta-feira a favor da intervenção militar da aliança para impedir o massacre da população por parte do exército líbio, uma enorme bandeira destacava-se das demais.

Era a tricolor francesa, ao lado de cartazes em que se lia «Merci, Sarkozy». Há duas semanas, foi o chefe de Estado quem recebeu líderes de 17 países para pôr em prática a resolução das Nações Unidas no sentido de defender os civis líbios da tirania de Muammar Kadhafi. Foram os gauleses que iniciaram as operações militares e, ao contrário dos espanhóis (cujos caças não têm mandato para disparar), não tiveram pejo em fazer ferro-velho dos tanques das forças leais ao raivoso coronel.

Seguiram-se novas indefinições e críticas entre os países aliados, mas Sarkozy manteve-se resoluto e com capacidade de liderança. Ao contrário da tibieza da chanceler alemã, que mais tarde tentou corrigir o bater em retirada com o precipitado envio de militares para o Afeganistão. Ou do enredado Silvio Berlusconi, incapaz de esconder as relações empresariais com Kadhafi. (A propósito, quando a NATO bombardeou a Jugoslávia sem mandato da ONU, os líderes ocidentais de então não se mostraram hesitantes).

O Presidente francês deve ter neste momento índices de popularidade invejáveis – na segunda cidade da Líbia. É que, no ‘hexágono’, continua a ser castigado nas urnas (agora nas eleições cantonais) e nas sondagens. O hiperpresidente, como os franceses lhe chamam, tem neste conflito um novo alento. E um mandato moral.