«é uma pena ver o que aconteceu estar a prejudicar seriamente o sector financeiro e banqueiro e depois ver os políticos reafirmarem o compromisso do orçamento junto do presidente da república», afirmou o banqueiro num encontro com jornalistas, em londres, para assinalar a integração do execution noble no besi.
frisando a relação directa da evolução dos mercados com a situação do país, ricardo salgado faz um apelo aos políticos de todos os quadrantes para que se «debrucem mais sobre a forma como abordam os mercados e analisem com grande profundidade os impactos das medidas que tomaram».
para o presidente do bes «é uma perda de tempo que não se tenha aprovado o pec iv e a seguir se tenham reafirmado os objectivos do orçamento», salientando que «entretanto o que aconteceu foi o downgrade (corte) massivo dos ratings, até a proximidade de junk (lixo)».
sobre a intervenção do fmi em portugal, ricardo salgado disse que «há muita especulação em torno desse assunto e até é legítima, dada a situação política em que o país se encontra».
«ninguém sabe ao certo o que vai acontecer, mas talvez seja possível portugal ganhar tempo até às eleições», acrescentou o presidente do bes, alertando para que «até à chegada do fmi há um conjunto enorme de consequências imediatas, como a descida do rating, que são provocadas pela incerteza em que o país ficou com este vacatio político».
o banqueiro aproveitou ainda para lembrar que «quem está a conduzir a nossa politica de endividamento é o centro europeu, bruxelas».
subida de juros e desproporcionada para o risco do país
josé maria ricciardi, presidente do banco de investimento do bes (besi), aproveitou para explicar que «há uma grande diferença entre a intervenção tradicional do fmi e a flexibilização do fundo europeu. desta última forma, os mercados continuariam abertos e a financiar o país, mas quando os juros estivessem muito altos, poderíamos ir buscar dinheiro a essa linha de apoio com juros mais baixos. enquanto na outra alternativa, fica fechado e só há um a passar o cheque (fmi)».
e o responsável considera que «os mercados estão a ter a percepção errada, a situação económica de portugal não se degradada, antes pelo contrário. esta subida de juros é desproporcionada para o risco do país. a nossa situação económica não é brilhante, mas está melhor do que aquilo que se percepciona».
*a convite do grupo bes