Administrador dos CTT prestou falsas declarações ao BdP

Marcos Baptista, administrador dos CTT e presidente de várias empresas subsidiárias dos Correios, prestou falsas informações ao Banco de Portugal (BdP) ao garantir que é «licenciado em Economia». 

baptista, ao que o sol apurou, não completou o curso de economia do instituto superior de economia e gestão (iseg) da universidade técnica de lisboa. a data da sua última inscrição como aluno do iseg é de 1986 – ano em que terá completado sete cadeiras curriculares.

a informação de que seria licenciado pelo iseg consta de vários currículos oficiais publicados no diário da república e no site dos ctt, após ter sido nomeado administrador desta empresa em 2005.

a mesma informação foi prestada ao bdp na sequência do preenchimento de um questionário sobre qualificação profissional, idoneidade e disponibilidade no âmbito do seu registo como presidente do conselho de administração da payshop – empresa do grupo dos ctt que presta vários serviços financeiros que são supervisionados pelo banco central. as respostas, a que o sol teve acesso, foram assinadas pelo gestor a 3 de fevereiro e enviadas para o bdp 22 dias mais tarde. ao assinar, baptista declarou «que está consciente de que a prestação de falsas declarações» pode levar «a uma eventual aplicação de sanções penais ou contra-ordenacionais», lê-se no ponto 9 (‘menções finais’) do questionário.

baptista responde

o sol confrontou marcos baptista na quarta-feira com todas estas informações. a resposta chegou 24 horas depois: «apresentei hoje», «por razões do foro pessoal», um «pedido de suspensão sem remuneração» de todos os cargos nos ctt – lê-se no comunicado emitido pelo gestor. tal pedido serve para clarificar «as dúvidas sobre a minha formação académica».

o conselho de administração dos ctt, liderado actualmente pelo vice-presidente pedro santos coelho, afirmou ao sol, compreender e aceitar o pedido do gestor, «em prol do esclarecimento da situação, aguardando a sua rápida clarificação».

no seu comunicado, o qual não responde a todas as questões colocadas pelo sol, baptista diz: «sempre estive convencido de que o meu percurso académico, com oito anos de frequência universitária e elevado número de cadeiras concluídas, em mais do que um plano de estudos curriculares, corresponde a um curso superior à luz das equivalências automáticas do processo de bolonha». e acrescenta, sem especificar que curso e disciplinas frequentou: «solicitei, por isso, ao iseg a devida avaliação curricular, para que não restem dúvidas da minha honorabilidade e boa fé e para que elas não afectem nem o bom nome dos ctt nem a minha vida familiar».