Quando a música é alegre, tudo é diferente. Notava-se nos presentes que a energia transmitida pelo rapaz dos pratos os fazia sorrir. Depois de uma saída estratégica, no dia seguinte rumámos ao Algarve onde o Capítulo V, na praia da Oura, em noite de 17.º aniversário, nos reservou uma festa para mais tarde recordar. Não me lembro de uma noite tão bem conseguida nos últimos anos, na Oura. Teve todos os ingredientes: belíssima música, o live-act de Kat Blu correu lindamente, um ambiente simpático e uma temperatura ideal para uma noite de Primavera.
Nota-se que o público apreciador de house é mais maduro, até porque não se vêem imberbes na pista. Não há muitos locais no país onde não estejam presentes, em larga maioria, jovens que nasceram depois de 1995. Numa casa onde não faltam recordações, é sempre agradável chegar e ser surpreendido.
O Algarve, como é do conhecimento geral, quase desaparece por completo fora dos meses de Verão. Não é fácil a um bar que pretende impor um estilo musical muito próprio e uma clientela seleccionada sobreviver aos meses frios de Inverno. Seja o Capítulo ou outra casa qualquer. O público que frequenta a noite algarvia não é elástico e, se acorre em maior número a um lugar, os restantes ficam praticamente às moscas. Outro dado curioso é que no Sul não se tem grande noção das distâncias. Quando alguém em Lisboa sugere dar um salto a Cascais, não falta quem proteste com os quilómetros a percorrer. No Algarve, fazem-se dezenas de quilómetros para se ir jantar ou beber um copo. Afinal, as alternativas ficam distantes…
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