vem esta conversa a propósito das greves dos maquinistas da cp e do metro de lisboa. o país está à beira da bancarrota, não há dinheiro para pagar salários, mas os funcionários insistem em mais uma greve. portugal precisa de se tornar mais competitivo e aumentar a produtividade, logo os maquinistas optam por manter as carruagens paradas, fazendo com que milhares de pessoas cheguem atrasadas ao emprego ou nem sequer vão trabalhar da parte da manhã.
é legítimo que as pessoas façam greve, mas essa arma só deve ser usada quando se está a ser alvo de grandes injustiças e com esse acto se consegue inverter as coisas. ora, os trabalhadores da cp e do metro sabem perfeitamente que o estado não tem dinheiro para mandar cantar um cego, quanto mais para fazer cedências laborais em empresas públicas altamente deficitárias.
os maquinistas não são, obviamente, os responsáveis pela crise, mas podiam e podem ajudar a ultrapassar esta fase negra da nossa existência para onde nos atiraram os responsáveis governamentais que dirigiram o país nos últimos anos. além da má gestão governativa, juntou-se a crise mundial que teve origem nos eua e que acabou por contagiar as economias mais frágeis como são os casos de portugal, grécia e irlanda.
persistir numa batalha perdida não revela grande lucidez. a verdade é que o país está de rastos e quanto menos se trabalhar mais se enterra este pequeno e bonito pedaço de terra. mas se os maquinistas não estão a prestar um bom serviço ao país, os governantes não fazem melhor. em vez de se extinguirem organismos estatais que só existem para dar tachos à clientela política, opta-se por fazer mais nomeações de boys em fim de ciclo. há quem defenda uma coligação a três para ultrapassar este pesadelo. mas será viável alimentar ainda mais o clientelismo partidário? se no futuro próximo existir um governo forte que seja fiscalizado por uma oposição forte, haverá muito menos espaço para as jogadas de favores habituais. alimentar uma coligação forçada que dividirá os seus homens pelas centenas de organismos ‘fantasmas’ será o mesmo que decretar o fim do país. já não há espaço para mais erros e para mais compadrios. um governo e uma oposição forte serão capazes de fazer um bom serviço a portugal. sem isso, estamos tramados.
vitor.rainho@sol.pt