«Como é? Há cervejas e bebidas portuguesas na noite de luanda?», é uma pergunta que me fazem com alguma frequência. E eu explico: no fim-de-semana, altura em que há tempo para algum relaxamento do stresse do dia-a-dia, janta-se fora, bebe-se um vinho do Douro ou do Alentejo (prefiro Duas Quintas e Dona Maria), e no final pede-se um whisky irlandês, Jameson com muito gelo e água Castello ou das Pedras, tudo acompanhado com um café Delta. Na discoteca, como está uma humidade e um calor sufocante, opta-se por uma Cristal, Sagres ou Super Bock.
Este é o ritual de fim-de-semana, embora muitas vezes me fique só pela cerveja – tal é o cansaço acumulado que não é aconselhável entrar pela praia das bebidas mais fortes. No último fim-de-semana, e já com a sensação de partida, levaram-me a sítios que desconhecia de todo. Primeiro fui ao Kings, um espaço muito dado às artes, e que se assemelha a um bar do Bairro Alto, e não pude deixar de fazer um sorriso por causa do patrocinador da festa. A entrada ficava em 20 euros, com direito a duas bebidas brancas ou a quatro cervejas, e recebia-se um cartão para beber um Licor Beirão! Não arriscando tais destilados, achei um piadão assistir ao prazer com que alguns bebiam o clássico licor com muito gelo ou misturado com refrigerantes.
Na cabina, o DJ ia passando um excelente house, enquanto na pista algumas europeias e africanas dançavam como se estivessem numa rave. Numa outra sala havia quem jogasse snooker, enquanto nos outros recantos tentava-se pôr a escrita em dia. Se no Kings não há brigadas de censura quanto ao fumo, o mesmo não se pode dizer de outros bares e discotecas onde um fumador é considerado alguém altamente prejudicial à saúde. Estou em crer que os angolanos, regra geral, no que ao tabaco diz respeito, são tão fundamentalistas como os nórdicos ou os novos politicamente correctos portugueses. É espantoso como mesmo em locais semi-abertos, onde o ar circula livremente, é proibido fumar. Até mesmo em casas onde o pecado parece ser o código de entrada. O melhor mesmo é procurar discotecas ao ar livre.
vitor.rainho@sol.pt
