Botellón e champanhe

De um lado, está um dos bares mais elitistas, do outro a rapaziada do botellón.

Com o aproximar do verão, as pessoas estão ávidas de espaços ao ar livre. Por essa razão, o que se passa ao fim-de-semana é determinado pelas condições climatéricas. Se chover ou estiver frio, já se sabe que as discotecas fechadas, denominadas de Inverno, conseguem fazer festas ‘catitas’. Se os termómetros estiverem próximos dos 20º e as nuvens estiverem longe, são os espaços que têm como tecto o céu estrelado que vão receber o grosso das pessoas que pretendem divertir-se. O Silk, por exemplo, um dos espaços com melhor localização na capital – já que fica no terraço de um dos prédios do Chiado –, depende e muito da vontade de S. Pedro. Apesar de ter uma área agradável de interior, os clientes gostam de ‘bater papo’ no exterior, de onde contemplam melhor a cidade velha. Já aqueles que preferem ter a garrafa por perto, optam por ficar nas mesas resguardadas dos humores climatéricos. É neste bar que, actualmente, mais champanhe Cristal deve ser servido.Outra particularidade curiosa é que no Silk facilmente se encontram pessoas com quem se esteve há poucos dias em Luanda. De certa forma, faz lembrar o Lookal e o Chill Out, pois nesses espaços os portugueses misturam-se com os angolanos, enquanto aqui é ao contrário.

Não muito longe, nas ruas do Bairro Alto, milhares de pessoas acotovelam-se nas vielas estreitas, sendo que muitas delas apresentam-se de garrafa de cerveja de litro, ou com bebidas destiladas, na mão. Algumas dão-se ao trabalho de envolver as ‘metralhadoras’ num saco de plástico. Outras fazem gala nisso e vão passando o álcool de mão em mão. O célebre botellón espanhol conquistou de vez as ruas de Lisboa. Com o acentuar da crise, os jovens procuram beber o mesmo que antes, ou até mais, mas gastando muito menos dinheiro. Miúdas e miúdos muito novos sobem a Rua Garrett de ‘arma’ na mão, em conversas histriónicas, enquanto não se juntam aos milhares de ‘amigos’ que transformam o velho Bairro Alto num dos maiores bares a céu aberto do país. A Polícia, que finalmente acordou para o fenómeno nocturno, tenta a todo o custo manter transitável a zona. A bem dos que bebem e dos que passam a caminho de alguma coisa…

vitor.rainho@sol.pt