a necessidade aguça o engenho. prova disso é a nova iniciativa do governo para tentar mais angariar fontes de financiamento da dívida soberana. segundo o sol apurou, o executivo quer convencer as sociedades gestoras de planos poupança reforma (ppr) a investirem mais em títulos da república portuguesa, mas a ideia não estará a ser bem acolhida pelas instituições.
segundo informações recolhidas junto de fontes próximas do processo, os trabalhos de discussão estão a ser conduzidos pelo instituto de gestão e crédito público (igcp) e pelo ministério das finanças, que estará a fazer uma ronda de contactos com bancos e seguradoras.
a ideia do governo – que tem de assegurar o refinanciamento de 4,9 mil milhões de euros até 15 de junho – é que as sociedades gestoras apliquem a maioria dos activos dos fundos associados aos actuais ppr em dívida soberana portuguesa, invertendo a actual proporção. por regra, os fundos investem entre 30% e 40% em acções, outros 20% a 30% em obrigações de empresas e o restante em títulos soberanos nacionais ou internacionais.
o objectivo do executivo, que não estará a ser bem acolhido pelos responsáveis do sector financeiro, é que as sociedades se desfaçam rapidamente da maior parte do investimento corporativo e canalizem as verbas para o financiamento da república, de modo a que esta fracção represente entre 60 e 70%, contra os habituais 30%.
os agentes do sector consideram que esta decisão de investimento tem duas desvantagens. «dada a actual crise da dívida soberania, isto afectaria drasticamente a credibilidade do produto [ppr] junto dos clientes, dificultando a sua venda», considera um banqueiro ouvido pelo sol. outro gestor de fundos alerta para os riscos que «tal injecção de acções e obrigações poderia ter no mercado».
segundo o instituto de seguros de portugal (isp), existiam 3,2 mil milhões de euros aplicados em ppr no final de 2010 – uma subida de 3,6% face ao ano anterior. segundo a marktest, deverão existir 1,2 milhões de portugueses com estes produtos. ainda segundo o isp, a rendibilidade média anual dos ppr foi de 2,44%, existindo cerca de 70 produtos diferentes no mercado.
tania.ferreira@sol.pt * com joão paulo madeira