Em vez de se resignar, contudo, à triste e lenta degradação da sociedade – pela qual teve a quota-parte de responsabilidade – e pela enésima vez atribuir os males do país aos Estados Unidos, desta vez apontou baterias ao Partido Comunista (PCC) e aos seus burocratas mais ortodoxos durante a abertura do VI congresso daquele órgão. E deixou claro que as reformas na economia são para sair do papel.
O momento para a reunião do PCC foi escolhido para se iniciar um dia após a parada militar em Havana que celebrou o cinquentenário da vitória do regime na Baía dos Porcos sobre os cubanos exilados (e forças norte-americanas). Cinco décadas depois, os cubanos podem continuar a orgulhar-se de resistirem ao invasor, qual aldeia do Astérix perante as tropas romanas. Só que a poção mágica há muito acabou com o desmantelamento da União Soviética. Passou-se fome na ilha e o turismo e os poucos aliados, como a Venezuela de Chávez, são insuficientes para alimentar a economia.
Ao eleger o PCC e o seu «imobilismo fundamentado em dogmas» como saco de pancada, Raúl Castro procedeu a uma dura autocrítica. Apontou também para o futuro: quer cinco anos para se fazer a «actualização do modelo» económico, com mais iniciativa privada e menos Estado. De reforma política nem uma palavra. Mas já os gauleses sabiam que Roma e Pavia demoraram o seu tempo a serem construídas.