Quando se chega a uma grande cidade e não se tem grandes referências – sim ainda há goste de ir à aventura sem usar GPS ou consultar os sites mais ou menos alternativos –, procura-se os locais que tenham mais a ver connosco e a partir daí faz-se o trabalho de investigação. Nunca me dei mal com a aposta, embora perceba que a estratégia não é a melhor para algumas cidades.
Quem se arrisca por Portugal, e mais concretamente por Lisboa, não parece ter grandes dificuldades em descobrir o que pretende, se atendermos a que é na zona do Chiado/Bairro Alto que se concentra a maioria dos jovens turistas. E o que levarão na memória? Ruas completamente entupidas por milhares de pessoas que se acotovelam à porta de bares mais ou menos com direito a esse nome. A alegria e a agitação é feita nas artérias do famoso e antigo bairro lisboeta e não há empedrado que impossibilite a animação. Chega a ser impressionante como as pessoas convergem na direcção do Bairro, onde todos procuram estacionar, leia-se ficar, junto à respectiva tribo. Volvidos tantos anos, não deixa de ser surpreendente esta capacidade catalisadora da vida nocturna do Bairro. Onde a cultura do botellón está tão impregnada como a de movimentos alternativos e onde é fácil as pessoas se refugiarem.
Mas esta semana li uma notícia curiosa, que dá conta de que a Câmara vai tentar animar a Avenida da Liberdade com quiosques para todos os gostos, que estarão abertos aos fins-de-semana até mais tarde. Sendo Lisboa uma cidade com áreas de puro lazer, como é o caso da zona ribeirinha e do Bairro Alto, é simpático que alguém, finalmente, aposte na mais bela e formosa rua da capital. Se a ideia pegar, será uma mais valia para o turismo e para a animação nocturna, já que poucos acabarão por terminar a festa nas esplanadas, pois ficarão com sede de ir dar um pé de dança noutras paragens.
Em Madrid existia o célebre Passeio Castelhano, onde tudo começava e pouco acabava.Em tempo de crise, a ideia parece-me muito sensata.Nada como atrair os novos turistas para a boemice de Lisboa. Com eles, tudo ficará mais alegre e agitado. Que é o que a cidade está a precisar.
vitor.rainho@sol.pt