Espectador-tipo é português

Uma empresa de consultores contratada pela Parkalgar assegura que o impacto económico no Algarve das 17 provas já organizadas no autódromo gerou receitas médias de cinco milhões de euros por prova.

Da documentação disponibilizada ao SOL por todas as entidades públicas que apoiam a Parkalgar, os relatórios da empresa Augusto Mateus & Associados permitem aferir a rentabilidade dos cerca de 20 milhões de euros de apoios que o Estado já concedeu.

Todos esses incentivos têm um objectivo: combater a sazonalidade do turismo algarvio e incrementar as respectivas receitas. Por isso mesmo, os relatório da Augusto Mateus tentam perceber as receitas geradas pelos espectadores que visitam o Autódromo do Algarve. Mas a forma como a empresa de consultoria chega a uma estimativa das receitas geradas pelos eventos é questionável. Em primeiro lugar, cada um dos relatórios indica o número total de espectadores para os três dias que dura cada evento – mas sem diferenciar quem comprou bilhetes para esses três dias e quem assiste apenas a um dia, o que faz com que o número total dos espectadores esteja desvirtuado.

No caso da prova de Superbikes de 2010, por exemplo, o relatório dos consultores assegura que teve 77.233 espectadores – lotação esgotada, praticamente. Contudo, a própria Parkalgar informou o Instituto do Desporto de Portugal que apenas vendeu 25.744 bilhetes. Ou seja, os consultores multiplicaram o número de bilhetes pelos três dias que dura a prova. A situação repete-se em quase todos os relatórios que o SOL analisou.

O dado mais surpreendente dos estudos, contudo, está relacionado com a nacionalidade dos espectadores: a esmagadora maioria é portuguesa e reside no Algarve.

Dos 25.744 espectadores da prova Superbikes de 2010, por exemplo, cerca de 19.616 (76,2%) eram portugueses, sendo que 15.887 (81,8%) eram algarvios.

Os dados ficam acima dos 90% no caso de provas com muito menos espectadores, como são o caso da Le Mans Series, Superstars ou FIA_GT. Por exemplo, a prova deste último campeonato, em 2009, teve 5.000 espectadores – dos quais cerca de 76% eram de Portimão. A Augusto Mateus considerou, no entanto, que os espectadores terão gasto uma média diária de 50,48 euros, concluindo que o impacto económico do evento alcançou os dois milhões de euros.

luis.rosa@sol.pt