Os devaneios da ASAE

O filme daria vontade de rir se não fosse tão patético. num altura em que o país atravessa uma grave crise financeira há quem se preocupe em estragar a vida àqueles que trabalham e, já agora, aos que procuram divertir-se.

O bar apresentava casa cheia, o que em tempos de crise não deixa de ser um achado, quando dez pessoas – entre agentes da ASAE e da PSP – entraram pela porta dentro e começaram um trabalho criterioso na busca de encontrar algo que fosse susceptível de encerrar o bar. Depois de deambularem pelo pequeno espaço, finalmente descobriram que uma das paredes da reduzida cozinha, onde existe uma máquina de lavar copos e um balcão, revelava sinais de infiltração de água proveniente do andar superior. Insatisfeitos, os responsáveis da ASAE ainda conseguiram vislumbrar algum lixo, leia–se pó, debaixo da máquina de lavar copos. Por essas duas anomalias gravíssimas, o bar foi obrigado a encerrar.

Se os motivos encontrados fossem prejudiciais aos clientes, nada haveria a apontar. Agora por duas razões completamente mesquinhas, não faz qualquer sentido. O que levou a que todos tenham perdido. Os responsáveis do bar porque tiveram de pagar aos empregados e não puderam facturar numa noite que estava particularmente simpática. Os clientes porque ficaram impossibilitados de se divertir.

Curiosamente, alguns dos presentes começaram a indignar-se com o elevado número de agentes envolvidos na operação e a troca de mimos não demorou. «Somos nós que estamos a pagar, com os nossos impostos, para estarem 10 pessoas envolvidas no fecho de um bar por causa de uma parede com infiltrações?», ouvia-se de um habitué do bar. Há coisas de difícil explicação. A ASAE quando faz operações destas apenas está a prestar um mau serviço à sociedade. Não seria mais admissível que dessem aos responsáveis dois dias para limparem o pó e tratarem da infiltração? Enfim, é absurdo.

P.S. Esta semana foi a vez de mais um amigo partir. David Lopes Ramos, companheiro de jornadas gastronómicas épicas, apagou-se. Nós trataremos de mantê-lo vivo entre nós.

vitor.rainho@sol.pt