Passos pede maioria absoluta, Portas quer ‘liderança do Governo’

São potenciais parceiros num futuro governo, mas nem por isso o debate televisivo entre Pedro Passos Coelho e Paulo Portas ficou isento de críticas mútuas. Sobretudo pela parte do líder do CDS, que não poupou nos reparos ao PSD, acusando mesmo os sociais-democratas de terem sido uma «muleta do PS».

passos coelho voltou a pedir, no debate na sic, uma maioria absoluta aos eleitores, defendendo que é preciso afastar o ps do governo. «do que se trata é de não ficar dependente do ps para ter um governo de maioria absoluta. um governo que tivesse de ser partilhado entre o psd, o ps e o cds seria uma salada russa», afirmou, defendendo que este cenário dificultaria a resolução dos problemas do país.

já paulo portas mostrou que quer ir buscar votos ao eleitorado social-democrata, classificando o pedido de maioria absoluta de passos como um «segundo erro», depois da recusa do psd em avançar com uma coligação pré-eleitoral.

«o psd não fez o suficiente para ser premiado com o voto», apontou, defendendo que «se o cds se aproximar dos 15%, torna-se muito mais fácil ao psd e cds obterem uma maioria absoluta».

um argumento para evitar a bipolarização das eleições em torno de socialistas e sociais-democratas, que portas levou mais longe: o que é preciso é um governo maioritário, que também se forma «com um cds com 23,5% e um psd com 23%», referiu o presidente centrista, perante o riso de passos coelho. mas o líder democrata-cristão ainda voltaria ao tema: «é possível um governo com a liderança do cds. vou lutar por isso».

ao longo do debate, passos coelho tentou direccionar o discurso sobretudo para josé sócrates, mas acabou por ter de responder às sucessivas críticas de portas, que foram da «inconsistência programática» – «temos visto o psd variar de opiniões sobre muitas coisas, muito depressa» – ao apoio dado aos orçamentos e aos planos de austeridade apresentados por sócrates. «o psd não é muleta de ninguém», responderia o líder social-democrata.

os dois líderes divergiram também na redução da taxa social única. passos coelho diz que quer reduzir a taxa em quatro pontos durante a próxima legislatura. portas disse não ter certeza de que haja forma de compensar a redução nas receitas que esta medida implicará.

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