Santos Ferreira: ‘Decidi não voltar à política activa em 1977’

Em início do segundo mandato, Carlos Santos Ferreira quer falar pouco sobre o passado, preferindo focar-se nos desafios que o BCP e o país vão agora ter de enfrentar. Afinal, segundo as suas palavras, «são tantos e tão difíceis…».

diz-se com frequência que um dos problemas do país é ter más lideranças, sobretudo políticas. concorda?
neste momento, o que espero dos líderes políticos é que consigam colocar os interesses do país acima dos interesses particulares. e que, depois das eleições, se consiga montar um governo forte capaz de fazer face aos tempos conturbados que vamos ter pela frente.

imagina o ps e o psd juntos, com as actuais lideranças?
quero lá saber, isso é uma questão menor. o problema não pode ser esse.

desde o dia do pedido de ajuda até agora, considera que os partidos políticos das várias alas têm conseguido colocar o interesse do país acima dos partidos?
espero que estejam a ‘treinar’, porque depois das eleições vão ter dar duras provas.

a política é um desafio que admite voltar a aceitar?
não. já fiz esse percurso e tomei a minha decisão de não fazer política activa em 1977, depois de ter sido eleito deputado em 1976.

diz-se muitas vezes que os banqueiros são os grandes culpados desta crise. acha que os portugueses também têm a sua quota-parte por não serem devidamente literados financeiramente?
todos têm culpa.

o malparado é uma questão que o preocupa?
é verdade que o incumprimento está a crescer, mais nas empresas do que nas famílias, mas, de acordo as nossas previsões – e na altura conjuntura –, é natural que isso aconteça.

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