Desemprego já estaria em 13% sem os Censos

Com o fim dos inquéritos à população, cerca de 30 mil pessoas voltaram ao desemprego. Deve haver novos recordes este ano.

a taxa de desemprego em portugal atingiu um novo máximo histórico no primeiro trimestre deste ano, atingindo 12,4%, segundo dados revelados esta semana pelo instituto nacional de estatística (ine). mas as notícias podiam ter sido piores.

os inquéritos do organismo de estatística coincidiram com o período de realização dos censos 2011, em que cerca de 30 mil pessoas recrutadas temporariamente pelo ine estavam a receber formação ou a percorrer o país para recolher os questionários à população. são cerca de 0,54% da população activa actual, que só vão entrar nas próximas estatísticas, e que levariam a taxa para perto de 13%.

antes da recolha dos questionários dos censos, o ine explicou ao sol que iriam ser recrutadas temporariamente cerca de 30 mil pessoas para toda a estrutura de trabalhos de campo, sendo que os recenseadores eram «o número mais significativo». as respostas aos censos começaram a 21 de março e a distribuição de questionários iniciou-se duas semanas antes. os profissionais envolvidos tiveram formação desde o início do ano, segundo o cronograma dos censos, pelo que este grupo profissional teve influência nos resultados do desemprego do primeiro trimestre. com o fim dos trabalhos de campo, é expectável que as próximas estatísticas de desemprego já reflictam a saída destes trabalhadores.

mas há mais factores que devem contribuir para a subida da taxa de desemprego. em termos históricos, o número de desempregados tende a subir no fim do verão, com o término dos empregos sazonais no turismo e na restauração. e este ano as previsões apontam para que a economia continue em recessão, com as medidas de austeridade. várias organizações (banco de portugal, fmi e ocde e comissão europeia) antecipam mais destruição de postos de trabalho.

os dados divulgados esta semana mostram que o desemprego já atinge 689 mil pessoas, mas o ine justificou a subida com a nova metodologia de recolha de dados, usada pela primeira vez no primeiro trimestre deste ano. segundo o organismo, os mais jovens estão a ser mais afectados pela falta de trabalho: a taxa de desemprego jovem atingiu 28%.

joao.madeira@sol.pt