Bloco em arruada à chuva

Eram 10h30 da manhã, o mercado da fruta nas Caldas da Rainha estava em plena actividade. Louçã foi-se detendo, à conversa com feirantes e compradores. Entre frutas, flores e legumes, ouviu várias vezes uma mensagem de desânimo. «Falam muito, mas não fazem nada. Isto está uma miséria. Desta vez não vou votar», diz uma das…

duas bancas à frente, o discurso já está mais próximo dos bloquistas. o tema é josé sócrates. «nunca vi ninguém como aquele. podiam ser maus, mas como aquele não», diz outra vendedora. três senhoras contestam o valor das reformas: «são 274 euros e oitenta cêntimos. pago 270 euros de renda, sobram-me quatro». e a queixa esteve longe de ser única. «estão a tirar-me 34 euros por mês», lamenta um reformado. o discurso desiludido vai-se repetindo: «chegámos a um tempo em que já não acreditamos em ninguém».

louçã vai tentando contrariar a descrença, mas a caravana do bloco acaba por deparar-se com um adversário inesperado. uma chuva torrencial abateu-se sobre as caldas da rainha, obrigando toda a gente a resguardar-se debaixo dos toldos. não durou muito, mas foi um francisco louçã ensopado que continuou a arruada pela principal rua comercial das caldas da rainha.

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