o turismo do centro, entidade que ficou responsável por assegurar a maioria do financiamento, justifica a falta de pagamento com os atrasos em receber as verbas comunitárias atribuídas através do quadro de referência estratégico nacional (qren).
em causa estão incentivos financeiros contratualizados entre o turismo do centro, a empresa municipal figueira grande turismo e a promotora do evento do ano passado, a eg events. as duas entidades públicas comprometeram-se a apoiar o mundial de surf com 25 mil euros cada uma. mas, no caso do turismo do centro, o apoio deveria subir até 125 mil euros, se fosse aprovada uma candidatura ao qren ao abrigo do programa mais turismo, mais centro.
é essa verba que ainda não foi paga quer ao promotor quer às empresas prestadoras de serviços, apesar de o projecto já ter sido aprovado. questionado pelo sol, o turismo do centro garante que o não pagamento se explica com os atrasos na alocação das verbas do qren pela mais centro, a entidade regional que gere os fundos comunitários.
«apesar de estarem cumpridos todos os procedimentos de reembolso exigíveis pelo programa de financiamento, desde janeiro de 2011 ainda não houve qualquer pagamento pelo mais centro», refere o gabinete do presidente do turismo do centro. a mesma fonte sublinha que há «atrasos de ordem burocrática da estrutura do programa mais centro». depois da aprovação da candidatura foram submetidos para reembolso todos os documentos de despesas, mas não houve reembolsos, apesar de «insistentemente» ter sido solicitado o pagamento, assegura.
o sol questionou o mais centro sobre o andamento do processo, mas não recebeu esclarecimentos em tempo útil.
fornecedores reticentes
a eg events, promotora do evento, foi também contactada e confirmou a existência de pagamentos em atraso, mas recusou fazer mais declarações. o mesmo aconteceu com a empresa de segurança 365, que prestou serviços à prova do ano passado e também tem verbas a haver.
certo é que os pagamentos em atraso trazem dificuldades à operacionalização da prova em 2011. embora a quase totalidade do financiamento já esteja assegurada por investidores privados, o historial de atrasos nos pagamentos está a provocar reticências nos prestadores de serviços que deveriam assegurar a realização do evento deste ano, explicou ao sol fonte envolvida no processo.
modalidade na crista da onda
realizada entre 14 e 19 de setembro, na praia do cabedelo, figueira da foz, a etapa do circuito mundial de qualificação de surf contou com mais de cem participantes de várias nacionalidades e foi notícia em 20 países.
na internet, alcançou recordes de visitas, com mais de 300 mil pessoas a assistiram ao evento em web cast, segundo a organização. «é a constatação de que o surf tem força económica e é, realmente, um nicho de mercado a explorar na figueira», disse na altura um dos organizadores.
hoje, o turismo náutico, onde se inserem desportos como o surf, é um produto estratégico no centro. além disso, a modalidade é cada vez mais uma aposta em portugal. este ano, a ericeira foi reconhecida como a primeira reserva de surf da europa e a segunda do mundo, depois de malibu
promotor e fornecedores da prova têm pagamentos em atraso devido a demora em receber verbas comunitárias
ana.serafim@sol.pt
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