BE: ‘Está-se a tirar mais a quem já não tem’

Desemprego, precariedade, falta de reconhecimento de carreiras, salários baixos, má gestão. A lista de queixas foi longa, no encontro de hoje na junta de freguesia de Matosinhos entre uma delegação do Bloco de Esquerda e trabalhadores da empresa Metro do Porto, a que se juntaram representantes sindicais de grandes empresas da região, casos da Unicer,…

«a lei penal não responsabiliza as habilidades que são feitas nas empresas» e quem acaba por pagar a factura é o trabalhador, argumentou, avançando um retrato das dificuldades na primeira pessoa: «ganho 529 euros e tenho o salário congelado. tenho o meu filho a estudar em aveiro e a fazer part-time, porque o dinheiro não chega para lhe pagar os estudos».

os reparos não foram só para as empresas. «sinto-me lesado, roubado pelo próprio estado», afirmou outro dos presentes – «até os ridículos onze euros que o estado me dava de abono para o meu filho me retiraram». «onde é que está o dinheiro do bpn? porque é que não se responsabilizam esses ladrões?», questionou um dos sindicalistas. não foi o único remoque ao sector bancário: «como é que nesta negociata da troika com o governo 12 mil milhões vão para a banca?».

na resposta francisco louçã, que esteve acompanhado pelo cabeça-de-lista pelo porto, joão semedo, e pela eurodeputada marisa matias, citou ricardo araújo pereira: «eu não me importo de dar uma mão à banca, se a banca retirar as mãos dos meus bolsos».

já joão semedo considerou que «o principal défice democrático na sociedade portuguesa é nas empresas. a vida nas empresas é uma caricatura de democracia».

a fechar, louçã apontou promessas eleitorais dos socialistas em contramão com o que foi a acção do governo: «devia-se dar os óscares para o descaramento na política. era uma cerimónia bonita».

já no final, em declarações aos jornalistas, o dirigente bloquista foi parco nos comentários à entrevista de joana amaral dias ao jornal i, afirmando que louçã é um «líder à rasca» – «não faço nenhuma interpretação. no último dia da campanha costumam acontecer coisas curiosas».

 

susete.francisco@sol.pt