BE foi ‘derrotado’, mas ‘não vencido’

«Mesmo na noite de derrota, quero dizer que não estamos vencidos». Francisco Louçã subiu esta noite ao púlpito para comentar o maior desaire eleitoral da história do Bloco de Esquerda – o partido ficou praticamente a metade dos resultados de 2009 e viu fugir-lhe a reeleição do líder parlamentar, José Manuel Pureza. Perdeu também os…

com o resultado (5,1%) a confirmar as piores previsões das sondagens, francisco louçã assumiu a derrota – «o be não atingiu os seus resultados e eu sou certamente o primeiro dos responsáveis» – e passou à frente. voltou atrás na parte final, já nas perguntas dos jornalistas, deixando antever que os resultados de hoje não terão consequências na liderança. «o meu lugar está sempre nas mãos do partido», afirmou, mas para acrescentar que «há um mês houve uma convenção. daqui a dois anos haverá outra».

«as eleições escolhem o primeiro-ministro e os deputados. a direcção de um partido como o be é escolhida pela convenção. tivemos uma convenção há um mês», reiterou, sublinhando que «ninguém pode virar as costas à responsabilidade».

mas a maior parte do discurso do líder do be foi já a olhar para o futuro: «hoje começa um novo ciclo político. na verdade começou quando portugal pediu um empréstimo que hipoteca o país». e o bloco promete contestação permanente à aplicação das medidas impostas pela troika.

mais do que à direita, foi ao ps que louçã se dirigiu – «na segunda-feira há um partido amarrado a todas as decisões [da troika]. esse partido chama-se ps». o coordenador dos bloquistas deixou claro que quer marcar a diferença à esquerda com os socialistas, sublinhando que o ps está «amarrado» a um programa que mais não é que um «ataque aos salários, aos direitos sociais, às pensões». «encontrarão pela frente os deputados do be», garantiu.

louçã espera agora capitalizar, no pós-eleições, o discurso do be nos últimos meses. «a campanha demonstrou que a renegociação da dívida tem que começar já», defendeu, manifestando-se convicto de que «o próximo governo terá de a fazer». a plateia respondeu com «a luta continua».

foi o ponto final numa noite em que se viram poucos dirigentes na sede do be – helena pinto, jorge costa, mariana aiveca, fernando rosas. o ambiente entre os militantes não foi especialmente ‘pesado’ – esta era uma derrota esperada.

esta semana o be reúne a comissão política para analisar os resultados eleitorais. daqui a duas semanas, reúne a mesa nacional do partido.

susete.francisco@sol.pt