Cheiro a Maputo

Umas usavam saltos altos e vestidos curtos, outras calçavam sandálias rasas e calças.

Antes de sair de lisboa um amigo avisou-me: «não deixes de ir ao bar do nuno quadros». Como não sabia se iria ter tempo para essas incursões (um vasto programa de reuniões não facilitava muito a vida nocturna), aproveitei o dia em que chegámos, uma sexta-feira, e apesar de estar exausto lá fui ao tal bar recomendado, acompanhado por um amigo que, antes de eu me pronunciar sobre o que quer que fosse, sugeriu uma ida ao bar da estação de caminho-de-ferro, o tal do Nuno Quadros. É fácil, para quem conheça a nossa estação de Santa Apolónia, imaginar o espaço. No interior de uma sala que antes poderia ter sido de espera, fica o bar propriamente dito, além do restaurante. Uma decoração onde não faltam trabalhos fotográficos e outras obras de artistas locais e não só. No corredor da gare fica a esplanada que alberga a cabina do DJ de serviço e o palco onde algumas bandas actuam. Ambiente descontraído, embora maioritariamente europeu. Para quem vai a Maputo é impensável não passar por lá. Seguimos viagem para a discoteca Coconuts, na Av. Marginal, e a surpresa foi bastante agradável. À entrada – depois de se pagar os 400 meticais da praxe (quase 10 euros) sem direito a qualquer bebida, mas com uma peruca de presente, alusiva a uma festa pop – deu para perceber rapidamente que a discoteca é muito bem frequentada e que as moçambicanas se produzem ainda mais que as angolanas. O contraste com as portuguesas e as outras europeias de ONG instaladas no país é evidente: a começar pelo calçado e acabando nas vestimentas. Umas levam sapatos de salto alto e vestidos curtos e justos, ou mesmo calções fashion, enquanto as outras vão de sandálias e de calças largueironas. Não é difícil perceber quem é quem… Muita animação e descontracção numa noite com sons muito diversos – é preciso não dar muita importância às variações de estilo.

Na véspera de vir para Portugal consegui ir de novo ao Kampfumo, o bar de Nuno Quadros, um português que andou muito pela noite lisboeta, e a uma festa na Fortaleza, onde se destaca uma estátua equestre de Mouzinho de Albuquerque. Bela noite de despedida.

vitor.rainho@sol.pt