contactada pelo sol, a responsável pelo gabinete de imprensa do uke, christine jähn, indica que, desde 18 de maio, já passaram por aquele hospital 126 pessoas com a síndrome hemolítico urémico, ou seja, com lesões renais e neurológicas graves. em relação aos pacientes infectados pela e.coli, mas cujo quadro clínico não evoluiu para situação de síndrome, «a maioria foi para casa para serem tratados em regime de ambulatório».
christine jähn adianta ainda que, ao todo, foram internadas mais de 30 crianças. metade delas ainda se encontra no hospital, «quatro em estado crítico». a porta-voz do hospital alemão explica que «muitos dos doentes estão a melhorar, inclusivamente 61 tiveram alta e 19 foram mandados para outros hospitais por não precisarem de cuidados específicos».
75 mortos e 3300 infectados
quando questionada sobre quais as sequelas com que ficarão os doentes graves, christine jähn é cautelosa: «para já, não estamos em condições de dizer se as pessoas com a síndrome hemolítico urémico vão melhorar ou não».
conhecem-se os números totais: 75 mortos (37 na alemanha, 38 no resto da europa) e mais de 3300 infectados. mas não se sabe, em rigor, que vida terão os doentes, após sobreviverem à estirpe hemorrágica da e.coli. o responsável pela direcção-geral da saúde, francisco george, tem uma certeza: «tudo o que se sabia da e.coli vai ter de ser revisto».
o director-geral considera que se está perante «um problema absolutamente novo»». e explica que, «até maio, estimava-se que, no caso de uma infecção passar para intoxicação, havia 25% de probabilidade da situação se tornar crónica; ou seja, um em cada quatro, iria ficar com insuficiência renal crónica». mas, perante uma estirpe nova da bactéria, desconhecem-se as consequências.
francisco george aviva que a síndrome «pode deixar lesões renais e neurológicas». e acrescenta que «o doente pode ficar a fazer hemodiálise». não é também de descartar a possibilidade de os doentes necessitarem de drenagem artificial da urina. a nível neurológico, segundo francisco george, podem verificar-se,«situações de coma e convulsões».
‘é perturbador não haver informação consistente’
o director-geral da saúde percebe as dificuldades das autoridades alemãs em descobrir a origem do surto: «detectar a fonte de infecção é complexo porque os alimentos a investigar são todos, em particular os crus, e também são muitas as fontes de produção e as cadeias de distribuição dos alimentos e os pontos de armazenamento». mas é crítico em relação à forma como a alemanha geriu a informação: «não houve uma informação consistente e continua a não haver, o que é perturbador».
este surto de e.coli, segundo francisco george, trouxe «um abalo grande à credibilidade do sistema de segurança alimentar da união europeia». o que leva o responsável da dgs a interrogar-se: «se a segurança alimentar falhou no país mais rico da europa, agora imagine-se num país pobre».
*com francisca seabra